Quem quer acordar de seu sonho de olhos abertos
Ninguém acordou. Fato é, o Banco do Vaticano rendeu manchetes em todos os jornais e principais periódicos de todo o mundo por causa de lavagem de dinheiro.
Este blog já tinha comunicado, no início de junho, que o banco do papa está - de novo - sob investigação do governo italiano. Então, as notícias a respeito foram, digamos, discretas comparadas às da última quarta-feira, 22.
O que gerou o alarde foi uma iniciativa inédita, embora o governo italiano tenha colocado panos quentes, alegando estar tomando apenas "precaução", mas confirmando as investigações de lavagem de dinheiro. A iniciativa foi o bloqueio de um depósito, em favor da Igreja, de trinta e um milhões de dólares em um banco italiano.
O Estadão frisou que o presidente do banco é membro do Opus Dei e que foi diretor no Santander.
A revista de maior prestígio no mundo, The Economist, registrou o ocorrido na numa de suas seções de abertura "Business this week" (Negócios nesta semana). Para você, querido leitor, traduzimos o conteúdo do referido trecho:
Totalmente impuro
A polícia financeira italiana disse que apreendeu 23 milhões de euros (US$ 31 milhões) de posse do Vaticano em um banco italiano, e que estavam investigando os dois principais banqueiros da Santa Sé (denominação política do Vaticano). Autoridades italianas alegaram que as iniciativas eram parte de uma ampla investigação sobre lavagem de dinheiro. (O original, em inglês, está disponível no site da revista)
Folha e Estadão esclareceram, em seus artigos, que o nome oficial do banco do papa é IOR - Instituto para Operações Religiosas. The Economist, como constatamos, não revela o inusitado nome do banco, mas não coloca panos quentes no subtítulo "Totalmente impuro" que, traduzido para o português, perde o jogo de palavras no inglês - Wholly unholly (além da grafia 'gêmea', são dois termos com pronúncia quase igual, ainda que o "o" no primeiro termo seja fechado, enquanto que no segundo, aberto).
A reação da Igreja foi... o tão costumeiro recurso a panos quentes! "Estamos perplexos" foi a manifestação mais publicada. O presidente do banco, segundo um dos jornais, teria revelado que a Igreja "vem fazendo esforço para ser mais transparente". Mas ninguém se pergunta por que seria necessário um "esforço" aqui... Como se agir com transparência são fosse o naturalmente santo, especialmente em relação a "operações religiosas".
A seguir, vou levantar como anda aquela ação contra a Igreja, que corre em corte de Los Angeles (Estados Unidos), e na qual ela é acusada de ter lavado os bens das vítimas do holocausto na ex-Iugoslávia, nos idos da Segunda Guerra, como um dos resultados da parceria da Igreja com o regime afiliado ao nazismo que controlava então aquele país. Parte dos bens teria ficado com a própria Igreja, e a ação visa a devolução deles para seus donos antes do confisco.
Lembro a censura da VEJA aos meus comentários em que informo sobre escândalos financeiros anteriores. Ao censurar, a VEJA acabou por ficar atrás, agora que o escândalo venceu a censura - não me pergunte como...
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