Monday, August 29, 2011

Quem tem medo do preconceito? Ou quem aprendeu com a história?

Gente, de no-vo, os seguranças!

Aqui está minha carta-email para a Hebraica, com cópia para a Conib, estando eu, pudera, mais do que cansada de tanta loucura. Foi enviada há pouco.

De acordo com um leitor da Folha, cuja opinião foi publicada ontem na página do "ombudsman", estar "cansado" de ver o mal "ganhar" dos bons justifica até o que os PMs fizeram com supostos bandidos, segundo recente matéria daquele jornal. Vejam vocês o desatino - desatino segundo eu; para muitos, seria "normal": segundo tal mentalidade, seria legítimo eu dar uns tiros e ainda clamar algo tão piedoso: "estrebucha, X#@@!"

Acho mesmo que ainda resta responder, plenamente, à questão: por que alguns resistem a isso e, indo contra todas as "probabilidades", insistem em meios conceituados no âmbito do humanismo?

Meu email seguiu em resposta a novo convite para eventos naquele clube, a que comparecera após ter-me inscrito para um importante debate, e ser, em resultado, exposta a novo constrangimento por "seguranças".

Questiono também o uso de fitinhas em torno do pulso, o que todos parecem achar "normal". Meu deus! sr. santo dos ateus, que fim levou a Razão?

Primeiramente, obrigada pelo convite.

Sabe, ontem, dia do debate Palestina sim não?, para o que recebera convite à semelhança do aqui abaixo, tive (mais) uma situação pavorosa com os que se dizem seguranças. Após ter respondido às perguntas de um deles, e apresentado documentos - aceitos por ele -, surge um segundo. Ele faz as mesmas perguntas. No meio do novo interrogatório, digo que o outro já fizera tais perguntas. O primeiro declara: "É que recebemos o mesmo treinamento". Retruco: "E eu é que tenho de verificar isso"? O segundo não gostou da minha perspicácia e deu o troco na base do poder ignorante: "Não vou deixar a senhora entrar com estes documentos". Sua linguagem não verbal deixou claro que ele sacara aquilo meramente como resposta emocional. Eu tinha a cópia do RG mais um cartão de identificação da USP como aluna de pós-graduação da FFLCH. Repito, o primeiro "segurança" já aceitara os dois "juntos". O que, de fato, ninguém nunca rejeitou.

Para tentar neutralizar o ataque de ego do "segurança" (não há mais boates o bastante para absorver esses vocacionados para "leões de chácara?), eu decidi cavar do fundo da bolsa meu passaporte, superembalado. Antes de fazê-lo, porém, perguntei ao "ofendido": Se eu apresentar um "documento original", você vai me deixar entrar ou haverá mais perguntas"? Ele responde que me deixaria entrar. Apresento meu passaporte. Ele lê e relê cada linha. Depois, folheia. Depois, coloca-o de volta no envolucro em que eu o acondiciono. E reclama do vencimento - no mês que vem.

Que tipo de segurança vocês têm, não! Aliás, estou para verificar um estabelecimento nesta cidade que não imite tal comportamento. Ao reclamar do rigor do segurança, o primeiro diz que ele é "melhor" (sic) treinado do que ele. Pois.

Como reclamava, o segundo segurança, o branco, tem nova reação impetuosa e dispara autoritário: "A senhora está proibida de entrar".
Veja que argumentos ele não oferece. Ele pisa, sua autoridade na "lua". Sim, os psicólogos chamam isso de personalidade autoritária. O diagnóstico mais suave, mas já causador de atrocidades, caso a ocasião facilite as coisas: o apoio de um colega, a cobertura de um superior, a ausência de testemunhas, a fragilidade da vítima (pela míope ótica desses vis)...

Eu declaro: "Você está sendo supersticioso". Ele retruca irritado: "A senhora está alterada". "Temos testemunhas aqui" (Um sócio chegava) Eu continuo: "Eu é que estou alterada, ou você é que está querendo que eu fique alterada?"

Só depois de tudo isso, ele me faz mais perguntas: "A senhora conhece alguém aqui?" Agora ele deixa superevidente que não zelava pela segurança de ninguém, mas procurava se "sair bem daquela"; procurava medir o tamanho da encrenca para ele, de fazer aquilo comigo. E eles medem assim: objetos de status (que eu não apresentava), aparentes relacionamentos, enfim, indicadores válidos para gente com personalidade autoritária - a maioria.

Os psicólogos já registraram também que tais pessoas gostar de receber ordens. E, mais tarde, eu veria como o "poderoso" e petulante segurança "2" mostrou-se submisso, delicadinho para com Roberta, da Conib, para quem eu expus minha indignação, findo o debate.

Quando eu disse que era doutoranda, o "poderoso" que filtrava as pessoas mudou. Como ele já estivera com minha carteira USP em mãos, ele já deveria saber que era pesquisadora. Portanto, não examinou a carteira como deveria, ou nem foi capaz de entender o que ela traz. Agiu guiado por seus ímpetos.

Criando, então, outro script, ele simula com outro tom: "A senhora estava de pé atrás". Mas em inteligência ele jamais me ganharia: "Eu estou com os dois pés dentro. Eu quero entrar". Agora, ele teve de engolir. Tudo isso não o levou a nada além disso. Não aprendeu nada, certamente. Sua lógica é a mais frívola de todas. Dê-me um bandido lúcido. Estes são lógicos, autênticos.

Pulando para o fim, Roberta se desculpou. Lamentou, mais de uma vez, estar em reunião na hora do ocorrido. "Eu gosto de estar perto, para não deixar que chegue a isso". Com isso, portanto, ela admite que não é raro que se chegue a tal ponto. Disse ainda que iria falar com o segurança. O que, estou certa, resulta inócuo.

Absolutamente reprovável é também o uso de tal fitinha em torno do pulso. Gente! Isso remete a fatos históricos que, superficialmente, todos reprovam. Pois: logo encenam eles próprios o "condenável" como "normal".

Quero crer que ainda sensibiliza a questão: como se sente alguém, à altura de um debate como o de ontem, de fitinha roxa no meio de um grupo em que quase todos usam uma fita vermelha? Todos, com um simples relance, já classificam o diferente. O esquema mesmo do preconceito: classficar de relance.

Oh, sim. Há "mil" justificativas para isso. A história também mostra que o horripilante sempre foi justificado e amplamente aceito. Há riscos, perigos mil, a encarnação do santo e também a do diabo, a "missão" dos seguidores de X, Y, Z, etc.etc.

Ora, um sócio, para entrar pela portaria ao lado do teatro, apenas "canta" seu número. Por que ontem não poderia ser o mesmo, para os que quisessem acessar outras dependências do clube? Ou porque não poderiam mostrar sua carteira de sócio (que o "mais bem treinado" segurança "2" pediu a mim mais de uma vez, apesar de eu já ter dito que não era sócia)?

Tudo isso é para, também, diante dos convites que você acaba de enviar-me, indagar-lhe sobre como será o acesso dos participantes não sócios. Estou muito interessada em um dos cursos. Mas percebo estar à beira de um trauma. Constato que meu corpo e minha psique agora prontamente reagem ao simplesmente avistar um "segurança". E me pergunto: de quem vou pedir reembolso da terapia?

Entendo, pela sua mensagem, que os não sócios pagam por todo o curso de uma só vez, e, suponho, antecipadamente. Por isso, é-me fundamental saber se terei de sofrer desse jeito para ter acesso ao local. Bem, claro que você dirá que não. Então, repito que gostaria de saber como será, exatamente, o procedimento para acesso ao local do curso.

Por fim, há como facilmente evitar o aqui relatado. Não ponham leões de chácara na porta. Se se fazem inscrições prévias, é mister o uso racional disso. Duas perguntas devem bastar. Expor uma pessoa a constrangimento... Bem, vocês já sabem o quanto isso é reprovável.

Assim é que rogo, justamente por, além de prezar de fato pela dignidade, muito estimar sua instituição, que não deixem mais isso acontecer, de modo algum.
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