Thursday, July 14, 2011

AUTÓGRAFO SEXY, COXAS FINAS DE FORA, QUÍMICA EXPLÍCITA COM SEU EDITOR - PARATY FICOU MESMO PARA TRÁS

Foi choro ou gripe?

Se foi gripe, ela ficou em Paraty. Nenhum sinal da moléstia havia no "pós-flip" da autora de As teorias selvagens - título da tradução para o português do primeiro romance de Pola Oloixarac, argentina.

Por bons minutos do "encontro" pré-autógrafos, ontem, na Livraria da Vila (da Fradique), a musa-revelação-literária parecia afundar sob o peso de seus ombros. Thales Guaracy, editor da Benvirá (selo da Editora Saraiva), foi quem falou primeiro, voltando-se constantemente para a mulher das letras ao seu lado. Tão constantemente que achei embaraçoso. Pareciam mais enamorados do que Kate e William.

Soltando muitos risos bobos, gradualmente retribuídos pela escritora, Thales declarou: "Vou dizer por que escolhi o livro da Pola. Nem ela sabe por quê", enfatiza como se prestes a entregar, como um presente, um segredo íntimo de suma importância.

Pola não hackeou site algum; apenas fez um comentário de vasto conhecimento sobre a internet. Restou-me a impressão, contudo, de ter ela invadido o coração de todos ali, depois que parou de pousar o microfone sobre a mesa como se fosse um explosivo capaz de detonar. Ainda tensa, referiu-se à "vossa língua" como um "caramelo em minha boca".

Foi trocando com seu braço-esquerdo tradutor, Carlos, algumas observações sobre como dizer isso ou aquilo, que Pola passou a sorrir cada vez mais, até que se deparou com "besta". Melhor, fera, explica Carlos. Ela então era só risos.

"Tenho de vir ao Brasil para me perguntarem isso!", ela retorna à postura cabisbaixa. Uma senhora perguntara a Pola, "O que é o amor para você?". Ao conseguir erguer a cabeça, Pola riu e disse que iria citar Platão. Não o fez. Mencionou, rindo também, Santo Agostinho, sem citá-lo tampouco. E, por fim, ofereceu uma decepcionante pré-fabricação: "Estou escrevendo um novo livro, é sobre amor. Como ainda não terminei, não sei se falei de amor. A crítica é que vai dizer se falo ou não de amor".

Thales encerrou, logo, a "conversa" com a pequena plateia, antes afirmando que precisavam "dar um tempo" depois de Paraty, uma alusão ao conflito suscitado pelo enorme carisma do escritor português Valter Hugo Mãe, que quer ter seu nome grafado com minúsculas, claro que, assim, recorrendo a uma estratégia que lembra José Saramago que, ao se livrar da pontuação e parágrafos, ficou famoso.

Sem muito a dizer espontaneamente, Pola não julgou interessante ler para os presentes. Nada foi lido. Nem uma linha de seu romance.

Findo o colóquio, Pola reinou sozinha na mesa coberta com uma toalha branca, o logotipo da Saraiva bem visível. E soltou-se; mais, tornou-se esfuziante. Marcou cada autógrafo com seus lábios em batom vermelho escuro. Ao levantar-se, chegou a dar pulinhos, para o que o vestido-blusa preto não era favorável, de tão curto. Agora, sim, todos os olhos voltavam-se para ela...

E Thales e Pola contiveram-se, na companhia dos respectivos cônjuges. Thales apropriou-se do banner do evento e enrolou-o. O marido de Pola ficou encarregado de carregá-lo.

Só vou começar a ler o livro quando as facetas do evento de ontem tiverem se me recolhido em quarentena, incapazes de contaminar quaisquer teorias.

Selvagens, por ora, temos apenas as teorias sobre certa mesa em Paraty.

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