8. Classificação informada pela FUVEST pode ser o mesmo que nada, dependendo da carreira.
Com o agrupamento de cursos em “carreiras”, o candidato perde TOTALMENTE a noção de sua colocação e de ordem para preenchimento das vagas nos cursos de sua preferência. Apenas os extraordinariamente bem colocados ficaram imunes a isso.
Para demonstrar isso, vamos estudar o que aconteceu com um candidato que escolheu um curso agrupado em uma “carreira múltipla”.
Nosso candidato-modelo optou por Astronomia - curso 48, 15 vagas, e um dos "componentes" da carreira 616, que abrange 11 opções, Astronomia incluída. O raciocínio é o mesmo para outras carreiras "múltiplas", isto é, com cursos agrupados, como a carreira 214, etc., conforme arroladas no Manual do Candidato (p. 3 a 28).
Astronomia é sua primeira opção. Não vamos considerar outras opções que nosso candidato-modelo poderia ter firmado (mais três, no máximo). Uma opção bastará para defender nossa tese – a de que o candidato perde totalmente a noção do preenchimento de vagas a que concorre. Nesse caso, repetimos, uma vaga das 15, no curso de Astronomia.
Sabemos, dados os itens anteriores, que as notas e colocação dos demais candidatos a tal "carreira 616" não foram de fato divulgadas. Nosso candidato-modelo acessou apenas sua nota e sua classificação, muitíssimo boa: 16/1527.
Foi exatamente isso - “16/1527” - que o candidato real, que obteve a décima-sexta colocação na carreira 616, viu na sua página privativa de desempenho no FUVEST 2011. Nós, cidadãos, contudo, não tivemos respeitado, pela FUVEST, nosso direito de conhecer a identidade daquele candidato.
Estou a par do "1527" apenas porque concorri na mesma carreira 616 e, como desta vez não tenho evidência em contrário, suponho que não houve manipulação pela FUVEST quanto a tal número, que é o máximo de candidatos que competiram naquela carreira.
Prossigamos com nosso anônimo candidato-modelo.
Sabendo ele que havia 15 vagas para Astronomia, poderia ele ter certeza, diante de sua classificação tal como informada pela FUVEST (16/1527, e nada mais), de que seria convocado na primeira chamada?
A resposta é não. Não poderia.
Evidentemente, isso é inadmissível.
Se o curso não estivesse na "carreira múltipla", ou seja, agrupado junto com dez outras opções de curso, e fosse o único item da “carreira” (o que de fato ocorre com outros cursos, conforme já mostramos no item 6), nosso candidato, aí sim, teria certeza de que não seria convocado na primeira chamada. São 15 vagas, ele ficou em 16º lugar. De outro modo, isso também significa que nosso candidato teria controle sobre as convocações de candidatos. E, uma vez chamados quinze candidatos, deduziria, com segurança, serem eles os quinze primeiros colocados. Embora a FUVEST não divulgue a colocação dos candidatos, uma apuração não seria tão difícil.
Como nada disso prevaleceu, uma vez que Astronomia está na carreira 616, com mais dez outros cursos, nosso candidato está às cegas.
Para simplificar e tornar ainda mais impecável nossa demonstração disso, considere estas questões e as respectivas respostas:
a) Tendo em vista sua classificação (16/1527) na carreira 616, e dada a existência de 15 vagas, nosso candidato poderia ser o primeiro colocado do curso?
Sim.
b) Nas mesmas condições acima, poderia nosso candidato ser o segundo do curso?
Sim.
c) idem, poderia ser ele o terceiro do curso?
Sim.
E assim sucessivamente...
a) Para ser o primeiro do curso, bastaria que nenhum dos quinze primeiros classificados (lembre-se, nosso candidato é o décimo-sexto colocado) tivesse escolhido Astronomia como primeira opção.
b) Ele seria o segundo do curso, caso um dos quinze candidatos à frente dele tivesse escolhido Astronomia como primeira opção.
c) Ele seria o terceiro do curso, se dois dos quinze primeiros na "carreira múltipla" tivessem escolhido Astronomia como primeiro opção.
OBS: Supomos, em (a), (b) e (c), que não houve outras manipulações naquela ordenação. Mas, como ela é SECRETA, como ter certeza de que não houve?
E... assim sucessivamente mesmo. Ou seja, nosso candidato-modelo poderia ser o quarto, o quinto, o sexto...
Contudo, se todos os quinze primeiros - lembre-se, não sabemos QUEM são, não dá para procurar no facebook - optaram por Astronomia como primeira opção - e, de novo, não temos como saber ou procurar saber quais foram tais opções -, nosso brilhante candidato não seria convocado na primeira chamada. E não teria como, de modo razoavelmente fácil, dadas as redes sociais, fiscalizar o preenchimento das vagas de seu curso preferido.
Ao nosso candidato-modelo – e ao candidato de fato em tal situação - restou a lista, em ordem alfabética, da FUVEST. E por fim, convocado ou não, continuaria sem saber sua ordem no CURSO. Se perguntasse na secretaria (eu perguntei), a resposta seria: "Só a FUVEST tem a colocação". Se escrevesse para a FUVEST.... já sabem a resposta que a FUVEST me deu.
Em suma, a colocação dos candidatos – reais – no CURSO permanece incerta, não sabida.
Nosso candidato-modelo, orgulhoso, bem queria informar sua colocação no curso para seus avós, que moram no Irã. E, mais ainda, para a sua namorada rica, que lhe prometera um carro Okm de presente, caso fosse o primeiro lugar no curso. Nosso candidato, em vão, se desespera, em remorso por sua alegria precipitada. A tal colocação é "inobtível". A FUVEST alegou, em email, para mim, que já informara tudo que era “relevante transmitir” (email no item 1, acima).
Para fazer de tudo isso algo ainda mais obscuro e intolerável, a FUVEST sequer deixa o candidato obter sua classificação-sabão, como a 16/1527 que demonstramos acima, antes de divulgar, em ordem alfabética apenas, a primeira chamada para matrícula.
Assim, uma vez esmiuçado todo esse quadro de irregularidades, emerge como parte coerente do "nebuloso" a inversão apontada antes, no item 5: a FUVEST primeiro convoca, depois possibilita um acesso privativo a notas e classificação – classificação-sabão. Se o candidato foi convocado, muito provavelmente não destinará pensamentos sobre tal classificação-sabão. Restaria alienado a respeito de tudo o que é exposto aqui. Se não foi convocado, permanecerá às cegas, conforme acabamos de demonstrar, valendo-nos de nosso candidato-modelo. Aos não convocados, a FUVEST apenas lhes comunicou, pelo sistema, que deveriam esperar a segunda chamada.