Friday, March 25, 2011

A preferência pela USP - em que Telma Zorn errou; e feio

Carta-resposta aberta à pró-reitora de graduação da USP, tendo em vista seu artigo publicado ontem, 24.03, na pág. A3 “Tendências/Debates” da Folha de S.Paulo, sob o título “A preferência pela USP”.


Deixei minha cidade natal para cursar mestrado na FEA-USP. Obtive o título com louvor e distinção, um ano antes do prazo máximo, com pesquisa considerada de doutorado. Em seguida, ganhei prêmio da ANPAD (Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação do País). No evento em que o prêmio foi entregue, colegas meus de trabalho (que também concorreram ao prêmio) vieram a mim transmitir que membros da banca que apontara os premiados haviam comentado que meu trabalho estava muito, muito à frente do segundo colocado.

Mudaria toda a minha vida para ser aluna da USP hoje? Não. Faria outro curso por motivos destituídos de nobreza: falta de recursos para manter-me em outras instituições, a localização, o verde que resta no campus da capital, a quantidade e qualidade dos eventos livres, em que críticas e perguntas são amplamente permitidas. A “excelência USP’, contudo, é um mito.

Sra. Telma Zorn, tire seu escafandro; críticas não são radiações perigosas ou letais. Justamente o contrário. Esse escafandro leva a estratégias que não se ensinam formalmente, como a de fingir que não existe aquele que fala, nem o que é dito; e a de recorrer ao abafa-abafa, aos panos quentes.

E assim é que o núcleo da usina acadêmica vai esquentando – logo acabará explodindo. As consequências são da magnitude Fukushima. Não se lidera mais nenhuma comunidade com panos quentes, um estilo de que é exemplo o artigo da pró-reitora Telma Zorn.


O povo japonês perdeu a esperança? Por não podermos prontamente dizer que sim, oferecemos forte indicador de que aquele povo tem uma dignidade que, me parece, não mais reconhecemos entre nós, uspianos. Quem perde a esperança faz exatamente isto: desiste. O que resta é a futilidade de, entre outras coisas, se ouvir de professores: “O jeito é esperar a aposentadoria”.

Sem aviso, o tsunami destrói. Sem profecia, sem tempo para fazer da reputação de quem quer que seja um abrigo ideal.

Quem sobrevive, passeia com um tipo ou outro de escafandro, à cata de migalhas para sobreviver em meio à desolação. Sim, isso lembra um aclamado ensaio sobre a cegueira. E redesenha, em atmosfera radioativa, suas palavras de ontem, 24 de março, publicadas com alarde.

Seria eu repreendida se descartasse a esperança? Prevejo que o serei pelo oposto; por dar aqui, mais uma vez, vazão a ela. Apesar do que se segue. Há dois e-mails em minha caixa postal, vindos da FUVEST, fundação em que a senhora não toca em seu artigo. A FUVEST, para esclarecer o leitor comum, é a fundação encarregada do vestibular para admissão a todos os cursos de graduação da USP. Num daqueles e-mails, a FUVEST fornece minha nota de redação, no recente vestibular, em desacordo com o Manual do Candidato – o número máximo de pontos é divergente.

Consistindo de uma resposta forçada, por eu ter reiterado, num “segundo envio”, minha confrontação (o máximo de pontos não é 50?), o segundo e-mail da FUVEST declara já ter dado a mim todas as informações importantes e que as regras foram estritamente cumpridas. Não lhe parece cinismo, senhora Telma?

Sra. pró-reitora, por favor, faça diferente. Não é com panos quentes que se serve de fato à sociedade. A FUVEST me deu, ainda, uma “aula” que torna inadiável o fechamento de suas portas. Essa instituição retirou a nota “42/80” que ela mesma afirmara constar do meu “boletim de desempenho” e passou a expor a nota em percentual (52%), para sumir com o “oitenta” (pontos máximos em redação que afronta o Manual), delatando a ocorrência de manipulação de notas. A hipótese de erro por parte da FUVEST, diante dessa medida desastrada de ocultação, fica, assim, eliminada.

E o núcleo ferve, embora quase ninguém saiba disso ainda. Este texto-dignidade é um derradeiro esforço para não apenas salvar uma usina e seus arredores. Mas para preservar, ativos, feitos estupendos que, como a energia nuclear, são produtos do bem pensar, liberados verdadeiramente em prol do viver onde, em princípio, não seria possível. Tais feitos não são minados com paliativos.

Sra. Telma, peço, para começar, duas providências: faça publicar - em espaço com exposição equivalente ao que recebeu seu artigo “A preferência pela USP” - minha redação no FUVEST 2011; e feche as portas da FUVEST para o vestibular Guaduação-USP, para o que se tornou indigna. Não é apenas a manipulação de nota o que me leva a esse pedido – apurei ao todo, dez irregularidades no FUVEST 2011, que convocou os ingressantes ao curso superior no início deste ano.

Uma das irregularidades explica, sem preocupação com maquiagem, a “não preferência” pela USP, uma distorção produzida por tal irregularidade, cujas particularidades estão em outro texto, que detalha todas as dez irregularidades.

25 de março de 2011

SEARCH BOX ~ BUSCA

THIS PAGE IS DESIGNED FOR A TINY GROUP OF
'-ERS' FELLOWS: LOVERS OF IDEAS; EXPLORERS OF THE SUBLE; THINKERS AND WRITERS OF INEXHAUSTIBLE PASSION. ULTIMATELY MINDERS OF FREEDOM.