Estes trechos do próprio livro é muito melhor do que a descrição que eu oferecesse, por mais que eu me esforçasse:
Numa oficina na periferia de Nápoles foi descoberta uma matriz para estampar a etiqueta Versace. Em Secondigliano se dizia que o mercado norte-americano era dominado por roupas do Diretório, e isto tornava as coisas mais fáceis para os rapazes que quisessem ir aos Estados Unidos trabalhar em representação comercial, seguindo o sucesso dos jeans da moda Vip que enchiam as lojas do Texas, onde eram vendidos como jeans Valentino.
p. 56
A estrutura da Camorra se compõe de grupos que começam a sugar como piolhos ferozes, travando cada percurso econômico, e de outros que, ao contrário, como uma vanguarda velocíssima, levam o próprio negócio ao máximo grau de desenvolvimento e comércio... Em Nápoles, a ferocidade é a prática mais complicada e conveniente para alguém tentar tornar-se empresário bem-sucedido; o clima da cidade em guerra, que se absorve por todos os poros, tem o cheiro rançoso de suor, como se as ruas fossem academias de ginástica a céu aberto, onde se pode exercitar a possibilidade de saquear, roubar, furtar, experimentar a ginástica do poder, o spinning do crescimento econômico.
p. 61
Saviano foi jurado de morte pela Camorra, a máfia de Nápoles, onde ele cresceu testemunhando sua atuação. Gomorra também virou filme (2008).
Muitos apresentam Saviano como jornalista, mas ele se formou em filosofia.
A Fnac, loja da Av. Paulista, coloca Gomorra na estante relativa à "comunicação". O vendedor insistiu: o livro fica lá porque Saviano é jornalista... Ridículo! O assunto do livro nada tem a ver com "comunicação". Por essa lógica torta, todo livro estaria na seção de comunicação, já que todo escritor que retrata algo minimamente aderente à realidade seria um jornalista...
