Capítulo 38. Langdon (o professor de Harvard), Sato, diretora do Escritório Especial da CIA, e Anderson, chefe da segurança do Capítólio entram na única sala trancada no subsolo (a sala SBB XIII). Ante a perplexidade dos demais em virtude da decoração do lugar, Langdon revela que o aposento possui as características de uma câmara de reflexões para os maçons. O diálogo se desenrola até que...
- E os seus alunos não acham perturbador o fato de os maçons meditarem em meio a caveiras e foices? - pergunta Sato.
- Não mais perturbador do que cristãos rezando aos pés de um homem pregado na cruz... A má compreensão dos símbolos de uma cultura é uma fonte comum de preconceitos. [responde o professor]
p. 162 de O Símbolo Perdido, Dan Brown
Cheguei ao capítulo 60, aproximadamente metade do livro. Há alusão aos outros best sellers do autor, por meio do personagem Langdon e sua conveniente memória. Contudo, tal não é imprescindível para que o leitor se reporte às outras obras de Dan Brown. O Símbolo Perdido já "entregou" a mim um esquema nítido com base no qual a trama é construída, esquema que é prontamente comparável ao de Anjos e Demônios em especial. Eis as âncoras desse esquema:
1 - Algo extremamente valioso - e potencialmente perigoso - está escondido... no subterrâneo. Em Anjos e Demônios, é no subsolo da Basílica de São Pedro. Neste mais recente thriller, é... no subterrâneo do próprio planeta - algo bem mais vago. Mas há uma facilidade de fato perturbadora - o acesso é tão simplório! Uma escada caracol.
2 - Ameaça descomunal a "pesos pesados" do cenário mundial. Antes, nada menos do que o Vaticano, a Santa Sé. Sim, meu irmãozinho, a Igreja Católica. Agora, os Estados Unidos correm risco mas, nesse caso, o leitor "boia" - em que consiste o perigo? Nem de longe isso resta ao menos delineado, após vencidas as primeiras duas centenas de páginas. Já li até o capítulo 59 inclusive (p.234). E nada. O autor, tudo indica, se perdeu... junto com o símbolo do título da obra.
3 - Há um psicopata que - sozinho - abala aqueles pesos pesados. Claro, tremenda ironia, deboche do autor ao Poder. Corrijo: em Anjos e Demônios, isso é quase verdadeiro - o vilão está sob o comando de alguém que a trama deixa totalmente indefinido. Então, no filme, dá-se um jeito nesse defeito: o vilão está sozinho, movido por suas tenebrosas maquinações e senso peculiar de justiça.
4 - Grupos especiais estão no centro das atenções. Grupos poderosos, cheios de tentáculos também subterrâneos (agora figurativamente falando). Antes, o clero. Recintos secretos, passagens idem. Langdon, sem a menor cerimônia, se remete (soa forçado para mim) ao Passetto, elemento da trama de Anjos e Demônios. (Por que não levar o leitor a sentir que precisa ler aquele livro também?) Agora o professor está no labirinto subterrâneo do Capítólio, e a contragosto... (ah, como eu sou gostosssooo... alguém, de novo, foi até Harvard e me trouxe até aqui. Que posso fazer?!) ...invade a sala privativa de seu grande amigo maçon, Peter Salomon. Pedro e Salomão... Até Mariangela Pedro se rende ao fascínio desses batidos nomes bíblicos, apesar de, como Dan Brown, ser bastante criativa! Correto: o foco desta vez é a franco-maçonaria e, de novo, a revista Superinteressante está fazendo sua parte: a irmandade é a matéria de capa deste mês, no lugar, vejam só!, antes reservado ao produto-rei, campeão de marketing de todos os tempos (afinal é mês do natal): Jesus, o Cristo. Dan, você, de fato, virou sinônimo de revolução! Ao menos no mercado editorial.
5 - Antes, a Guarda Suíça. Agora, a CIA. E claro! Mais um código que só o estupeeendooo professor de Harvard é capaz de decifrar. Nos livros, o professor sempre reluta, diz que não acredita, que não isso, que não aquilo. Que estão atrás dele por serem loucos - tudo não passa de lenda. Mas, nos filmes, Landgon não faz esse jogo. Ele assume, sem pedir licença, o papel de salvador do Vaticano, dos Estados Unidos (claro, já estou vendo o filme nas telas, antes de sequer começarem os rumores... ou você já ouviu rumores?)
6 - A bela fêmea. Uma história dessas, se não tiver uma mulher, alta, magra de cabelos compridos... Sim, está incompleta. Katherine. Agora, a relação não é de pai e filho, como em Anjos e Demônios - que no filme, contudo, é transformada em mera relação entre colegas - mas entre irmãos. A bela é irmã de Peter Salomon. E é... claro, uma cientista muito além do Nobel. Langdon nem olha para a mulher se ela não estiver vinculada a um laboratório de "outro mundo". (É... Dan Brown parece não gostar da Academia sueca...)
7 - O que falta? Ah. Os alunos de Langdon. O professor não interage com ninguém mais em Harvard, só com eles. Hum.
8 - O Artefato. Antes, a bomba de antimatéria. Agora, a pirâmide maçônica e seu cume de ouro, destacável. Langdon tem o inimaginável privilégio de, a contragosto (que chato ser tão habilidoso!), ver aquelas duas partes juntas e acondicionadas justamente na sua bolsa de viagem. Que chato!
9 - Gente. Não poderia faltar o horripilante. Se tudo não comecça com algo simplesmente horripilante, não é um thriller de Dan Brown. Não temos um homem importante todo contorcido e marcado a fogo com o ultramisterioso símbolo dos Illuminati desta vez, mas... uma das mãos de um homem importante, marcada com tatuagens... misteriosas, que vira um símbolo em si mesma, com direito a base de madeira.
A sequência é previsível:
O Começo. (o horripilante)
Langdon é levado - a contragosto - à cena do mistério. Ultrarrápido.
A "segurança máxima" - seja a Guarda Suíça, a CIA - é acionada.
Pronto... você não consegue mais parar de virar as páginas.
Já que o estupro mental é, então, inevitável... pare! Gente, como essa "sabedoria popular" - leia-se, então, o estupro ipsis literis - só poderia ser mesmo po-pu-lar! De um mau gosto incomparável e de uma inplausibilidade total. Tão batido que... se ouve desde o berço e fica.
Estupro de lado. Encontrando outras palavras, sim, o esqueminha está lá, e há quem se sentir aviltado... E há ainda errinhos, de português, de tradução (aponto em futura postagem, em breve). Mas, se não cnseguimos largar o livro antes do fim, que, então, ao menos aprendamos com o que de bom ele traz.
Aprendamos com esse superprofessor que somos - praticamente todos, se fora de Harvard - gente supersticiosa, viciada em coisas esquisitas e patéticas. Que somos sacos ambulantes de preconceitos, de intolerância. Que rezar com tanta paixão ao pé da cruz da Paixão... é bizarro, e é explicável porque nos tornamos tais sacos e gostamos da ideia - não queremos mais mudar. E, como dizia meu padre, os que tentam nos abrir os olhos que vão para o inferno!! Sim. Num dia pior do que os outros, ele disse isso no sermão.
Com esse tempo... vou terminar o livro no fim de semana, sem dúvida. Então, volto para falar mais sobre ele. E...
Ecoando Langdon de novo - e, nesse caso, nunca parece ser o bastante: Abram a mente, gente!
Much of the discourse all around is power-oriented. Our texts, rather, will be appreciated by those brave enough to leave the good life of obedience in order to grow and take risks for the benefit of a multitude of others. Welcome! PORTUGUÊS acesse "apresentação do blog" abaixo
Friday, December 4, 2009
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'-ERS' FELLOWS: LOVERS OF IDEAS; EXPLORERS OF THE SUBLE; THINKERS AND WRITERS OF INEXHAUSTIBLE PASSION. ULTIMATELY MINDERS OF FREEDOM.
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