Thursday, March 19, 2009

Bento 16 ataca - "sem camisinha"

Bento 16, como outros tantos chefes de Estado, está em missão diplomática. Desta vez - e no caso dele, pela primeira vez -na África.

Bento e seu reinado causam polêmica, no que tange ao continente africano, por causa dos preservativos - que a Igreja não vê por que deles se abster de falar -, e da AIDS que, a Igreja dá a entender fortemente, pode matar - bem-feito! - os que se recusam a aceitar a fé católica...

Encontrei um parágrafo que, brilhantemente conciso, oferece a resposta que - em parte - eu mesma levaria ao pontifice. Está no site da NPR - npr.org, em matéria de hoje de Nancy Goldstein, intitulada "Sorry, Pope: Marriage isn´t a Condom" [Desculpe, papa, casamento não é uma camisinha]. Eis tal parágrafo:

People aren't going to stop having sex. Access to condoms won't make them have more sex. And denying people access to condoms, or to accurate sexual information, won't make them have less sex. Here in the U.S., the federal government just spent a decade and $1.5 billion foisting abstinence-only-until-marriage programs on teens. Too bad. In late 2007, a scientific study authorized by Congress said they didn't work. There was no real difference in when participating teens first had sex, or whether they had sex before marriage, or in their number of sexual partners.

Traduzindo:
As pessoas não vão parar de ter sexo. Acesso a preservativos (camisinhas) não irá fazê-las ter mais sexo. E negar a elas acesso a preservativos, ou à correta informação sobre sexo, não as levará a ter menos sexo. Aqui, nos Estados Unidos, o governo federal acabou de gastar uma década e um bilhão e meio de dólares impondo, aos adolescentes, programas promovendo "apenas abstinência até o casamento". Que chato. No final de 2007, um estudo científico autorizado pelo Congresso disse que tais programas não deram certo. Não houve diferença em relação a quando os adolescentes (que participaram daqueles programas) tiveram sexo pela primeira vez, ao fato de terem ou não sexo antes do casamento, e ao número de parceiros.

O papa, concordo, disse algo correto desta vez, se apenas pinçarmos uma parte de seu discurso: apenas distribuir camisinhas não será solução para a AIDS. Distribuir não é nada - as pessoas precisam usar os preservativos, e mais, usá-los de modo racional, o que não parece tão óbvio assim.

No filme "Entre lençóis", estrelado por Paola de Oliveira e Gianecchini, a mulher levanta-se da cama para pegar um preservativo da bolsa e a cena sugere fortemente que o parceiro tem a paciência de colocá-lo no pênis. Mas o filme, besterol após besterol, bem representa, é lúcido admitir, a grande maioria dos relacionamentos. Um dos aspectos "besterol" é que o casal volta a transar naquela noite, mas então, como já tinham conversado durante uma hora (vejam quanto tempo!) antes do novo coito, dizem que não faziam mais sexo apenas, mas "amor". E isso mais do que basta, para tais pessoas, para eliminar o preservativo. Até porque, devem ainda pensar, levar um preservativo na bolsa é "politicamente correto" - embora "catolicamente totalmente absurdo". Mas carregar dois ou mais preservativos... o que não iriam pensar!!

Assim, se o filme quis promover o uso da camisinha, o fez da pior maneira possível. "Conhecer" o parceiro, isso apenas porque se trocou com ele algumas informações sobre a vida de cada um, não torna o sexo "seguro".

Volto amanhã

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