Sunday, December 23, 2012

por ser fim de ano



A distância distorce, faz apagar da memórias os momentos mais extraordinários. Os ruins passam a pesar mais.Isso é verdade para a distância que aparta os viventes. Percepção macabra, isso não vale para a distância que, inexoravelmente, aparta vivos e mortos. Destes, nossa memória reaviva o melhor e apaga ou distorce favoravelmente os momentos ruins. Paro.


Continuo parada. Então, reparo que há um anúncio ao lado desta 'página' que deveria ser uma mensagem de natal... "Reward yourself this holiday'. Gratifique-se. Presenteie-se... gaste, consuma.

Se sobrar um tempinho, depois de tanta autogratificação, vou tentar me lembrar de não esquecer.
Esquecer é perder.

Esquecer é não ter aprendido.
Esquecer pode ser projeto para algo fantasioso.

Esquecer pode dar a impressão de cura.

Mas o remédio custou caro, extinguiu-se junto com a cura.

E... não guardamos a receita.

Por escrever isso?, pergunto-me.

paro de novo. Por quê?

Talvez, por fim, ocorre-me,

talvez seja porque escrever 'feliz natal'

parece uma lança sem pontaria que,

de qualquer forma,

vai dar em algum lugar desconhecido.


Ah! tantas expectativas de 'gratificação' gera

apreensão. Não é natural. Não somos

alvo de tantas gratificações 'on a regular basis'.


E mais: a gratificação nos afasta da questão:

de que valeu, para mim, o ano que acaba?

Que diferença todo esse tempo fez;

por que diferença(s) eu fui de fato

responsável?


Tenho ainda tanto para preparar,

tanto para organizar, comprar,

cozinhar, postar, ligar!



Gratificações - esquecer a balança,

comer para ter motivos para logo

lembrar dela novamente. Usar uma

cor que quase nunca uso, um

sapato, idem. Mas há muito tempo

sei que festa é festa; realidade é outra

coisa.



Então, a condição para o presentear-se

é conseguir isolar a realidade, revê-la,

rapidinho esquecer-se dela.

Quero comer o que quase nunca como.

Desejar felicidade para quem mal

conheço. Limpar o armário que nunca

limpo. Sentir orgulho de minha batalha.

Mas não quero falar sobre ela.

Pensar sobre ela.



Sinto um rompante de bondade que

interpreto como santidade,

que vem não sei bem

se de dentro, se do Alto,

se da rede social.



Sinto uma energia estranha,

chamam isso de euforia?

Eu-foria? Áh!... entendeu...

Como falei errado, mais errado a cada dia.

Como dei a última palavra, mais a cada

imprevisto.

Como fiquei arrogante a cada

olhar imprevisto,

mas cheito de uma assustadora

mensagem.

Pior ainda, recebi mais e mais

mensagens que não consegui

decifrar.

Mais arrogante, mereço isto:

um salto 10.



Respondendo para um amigo

que, sem segundas intenções,

me desejou 'fun',

aprendi o que NUF significa.

Não quero fun, não.

Quero isto: nuf.



Nuf mais.

Então, encerro por este ano.

Nuf assim.

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