Wednesday, August 1, 2012

Dilma, Chávez e companhia - lambança diplomática

"Mercosul de boina vermelha" - Editorial do Estadão de hoje, primeiro de agosto de 2012.

Em nosso comentário em inglês, imaginamos o Mercosul em sua desajeitada mas barulhenta "Flushing Week". 'Flush' é ficar com o rosto vermelho, em geral por embaraço. Mas quem, afinal, sente algo semelhante a embaraço com a grande encenação do bloco, às vésperas de começar o tal julgamento emblemático logo ali, no STF?

Nota do editor do jornal afirma que o apoio do Brasil à entrada da Venezuela no Mercosul é "juridicamente contestável".
Não achamos que "apoio" é termo que bem descreve os acontecimentos. O Brasil empurrou sem cerimônia a Venezuela para dentro, atropelando o Paraguai.
E é justamente tal atropelamento que enseja o "juridicamente contestável". Além disso, a Venezuela não pode ser chamada de Madame Democracia, razão pela qual o título do editorial põe uma "boina vermelha" no grupo dos cinco; cinco, contando o membro suspenso - e irritadíssimo.

Pretexto para suspensão, ocasião para febre bolivariana
O Paraguai é contra o ingresso da Venezuela. Só democracias podem entrar para o bloco, rezam as normas do próprio Mercosul. Temos uma curiosa passagem dos fatos, tomando as manchetes da semana.
O Paraguai é suspenso do Mercosul (até abril de 2013) após o impeachment do seu presidente, o que o Mercosul tachou como "procedimento antidemocrático", enquanto outro tipo de juízes insistem que o procedimento foi legítimo, constitucional. Disso para a 'boina vermelha' foi algo como um salto olímpico, ainda que boina vermelha não seja, inquestionavelmente, uma medalha que combine com o orgulho da moda.
Dúvida não há de que tudo foi muito rápido - brutal contraste com os desdobramentos judiciais do caso de corrupção cujo julgamento, afinal, está prestes a começar.
A suspensão do Paraguai veio junto com a aceitação da Venezuela como membro pleno, como num desfille muito bem ensaiado. A inclusão de um novo membro requer, pelas regras do bloco, a concordância de todos os membros existentes. Paraguai suspenso, a discordância 'desaparece'.

Mas foi a encenação da encomenda de aviões da Embraer pelo membro 'aceito', na solenidade de sua posse, que levou o antes mencionado jornal a se indignar hoje, sentimento que partilhamos plenamente. Quem duvidaria, a Venezuela precisa de uns poucos e bons aviões, que talvez se cruzem, nos céus, com os muitos dos dos narcotraficantes.
Que vantajosa união!
Talvez para algum extraterrestre, que ingenuamente julgou o que viu ao interceptar algumas cenas do esporte sul-americano mais praticado em toda a história, enquanto acompanhava a seriedade das arbitragens do magnífico evento londrino.

A empresa [Embraer] estaria muito mal se os seus negócios dependessem de lambanças diplomáticas como essa recém-perpetrada pelos governos brasileiro, argentino e uruguaio, acrescenta o editorial.

Também no editorial:

"mais um erro estratégico da política externa brasileira"

"querem [os governos de Brasil, Argentina e Uruguai] dar lições de democracia... querem dar essas lições trazendo às pressas para o Mercosul uma das figuras mais autoritárias do continente".

Dilma parece ter primorosamente aprendido, em casa, a lidar com autoritários, não?

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