O TEXTO
(título) Diretor da Yoki é sequestrado e esquartejado
(Leu bem? se-ques-tra-do. Recorra a um dicionário se for preciso.)4 de junho de 2012 23h05
(link do texto)
http://flitparalisante.wordpress.com/2012/06/05/e-a-policia-so-percebeu-que-a-vitima-era-oriental-quando-a-cabeca-foi-achada-ontem-verdade/
(jornalistas) BRUNO RIBEIRO
MARCELO GODOY
O empresário Marcos Kitano Matsunaga, de 42 anos, diretor executivo da Yoki, uma das principais empresas do ramo de alimentos do País, teve a morte confirmada ontem [04.6]. Ele foi esquartejado e os pedaços do corpo foram espalhados, ao longo de dias, por áreas da região de Cotia, na Grande São Paulo. O empresário estava desaparecido desde o dia 20.
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COMPARE:
Na boca do povo está a versão de Carrasco: Elize saiu com 3 malas no dia 20 e voltou no mesmo dia sem nenhuma das malas. Carrasco também afirma que ela fez tudo sozinha. Portanto, espalhou tudo no mesmo dia. Acima está escrito que as partes foram espalhadas pouco a pouco, em vários dias.
Mais importante de se notar ainda, o sequestro (no título) some da história de Carrasco, que passa a declarar que Marcos foi morto em casa. Não existe 'sequestro dentro de casa'...
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Você já sabia?
a) O Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) investiga o caso. Ontem [04.6], agentes cumpriram um mandado de busca e apreensão no apartamento do empresário, na Lapa, zona oeste da capital e fizeram testes com luminol – produto que identifica manchas de sangue invisíveis a olho nu. O resultado do teste não foi informado.
b) [Marcos Kitano] Matsunaga é neto do fundador da Yoki, Yoshizo Kitano. A empresa esteve envolvida em um conturbado processo de venda que terminou com sua aquisição, por R$ 1,95 bilhão, pelo grupo americano General Mills, um dos maiores conglomerados de produtos de gêneros alimentícios do mundo, em um negócio concluído na semana passada.
c) Mais precisamente, em 24.05 (2012), o pai (ou padrasto?) de Marcos apertava as mãos de executivo da General Mills e falava de satisfação em nome de toda a família, conforme press release da própria General Mills. O filho estava desaparecido...
d) O nome do pai é Mitsuo Matsunaga. Não tem o nome Kitano, do fundador. Ele não é filho do fundador. O pai de Marcos apenas é aquele que se casou com a mãe de Marcos, ela, sim, herdeira do fundador da Yoki.
Repetindo, a compra foi concluída enquanto o diretor executivo [Marcos Kitano Matsunaga] estava desaparecido.
CONTRADIÇÃO:
Segundo o advogado da família da vítima, Luiz Flávio Borges D’Urso, presidente da seção paulistana da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Matsunaga foi visto pela última vez após sair, a pé, do apartamento onde morava com a mulher e uma filha. Ao perceber o desaparecimento, os parentes registraram queixa.
Notas da Mariangela
Vou comentar do mais importante para o menos importante.
1. Essa informação aí em cima, em vermelho, com a palavra 'sair' em roxo, detona a versão de Carrasco, que a mídia, inclusive a mais seleta do país, transformou na versão do povão - o tal "clamor popular".
O que está sublinhado acima foi a versão da própria POLÍCIA, conforme o Estado de S.Paulo impresso, de 05.6.2012. Ou seja, Marcos foi visto pela ÚLTIMA vez
APÓS SAIR, a PÉ, do APARTAMENTO ONDE MORAVA COM A MULHER, que todos sabem ser ELIZE.
2. Como se lê também acima, o advogado do pai de Marcos ("família" aqui quer quiser isso, o pai), até o advogado do pai, repetimos - que é ninguém menos do que o presidente da OAB-SP -, também apontou que o desaparecimento de Marcos ocorreu após ele ter daído de casa.
3. Em nenhum momento foi pedido resgate.
Sequestro sem resgate, com venda da Yoki a ponto de ser concretizada, é muito REVELADOR e comprometedor. Suponhamos que um dos envolvidos fosse parente de Marcos.... Resgate para quê, né?
Apesar de tão revelador, isso foi ignorado pelo chefão do DHPP.
4. O advogado da família [o presidente da OAB-SP] não confirmou a informação de um site ligado a policiais civis de que Matsunaga andava com seguranças particulares – PMs de folga – e que eles estariam sendo investigados.
Leia bem: o advogado da família, D'Urso, "não confirmou". Isso significa que ele tampouco negou.
Esse envolvimento de PMs foi para nos jornais, inclusive O Globo, impressos, de 05.06.
5. O diretor do DHPP, Jorge Carlos Carrasco, afirmou que todas as hipóteses são investigadas. “Nada está sendo descartado.” A reportagem apurou que a polícia já identificou um suspeito e que essa pessoa não é policial. Seria alguém com acesso livre à casa do empresário. Esse foi o motivo que levou a polícia a pedir ontem, à Justiça, o mandado de busca e apreensão para o apartamento.
Mandado de busca e apreensão não é mandado de prisão. Ainda assim, Carrasco "catou" Elize nesse dia e a pôs na cadeia, mantendo-a isolada. Carrasco também declarou que pegou documentos de Marcos no apartamento, mas não disse até agora que documentos eram e o que fez deles.
6. A polícia sabe que a vítima foi vista pela última vez com vida no edifício em que morava. E que partes do corpo foram congeladas antes de o assassino se desfazer delas, paulatinamente.
Paulatinamente quer dizer aos poucos. Isso repete o que consta do primeiro parágrafo; reitera o "ao longo dos dias". Por isso, as partes do corpo estariam congeladas. Na versão do povo, não se fala de congelamento... Isso porque Elize picotou e logo partiu para a desova de tudo.
7. "Encontraram a mão e o braço, depois pernas e, por último, tronco e cabeça”, disse D’Urso. O encontro das partes ocorreu durante dias, ainda segundo D’Urso. Elas estavam em sacos plásticos. O advogado diz também que os dois casos – o desaparecimento e o encontro de restos mortais – eram investigados por delegacias diferentes.
Segundo D’Urso, quando a cabeça foi achada, ontem, e a polícia percebeu que a vítima era oriental, a investigação foi centralizada no DHPP.
Investigação centralizada no DHPP é o mesmo que 'Carrasco assume o caso". Isso se deu no dia 04.06, o dia da "busca e apreensão". Antes o caso estava em duas delegacias, porque o registro de desaparecimento foi acolhido em uma delegacia, e o esquartejamento, registrado por outra.
8. Testes feitos pelo Instituto Médico-Legal (IML) confirmaram a identidade da vítima.
Isso ainda é citando o advogado D'Urso. Segundo o jornal impresso, a versão da polícia é de que a cabeça foi reconhecida "pela família" (o pái?, o irmão? - mas não Elize) dia 28, e não menciona o IML.
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