Monday, May 28, 2012

Brasil - quem apoia a cultura corruptora - 2

Um pai perde o filho, que poderia ser facilmente apontado como um judeu modelo; padeceu em acidente, aos 29 anos. A tragédia traz algo mais, apesar de isso soar impossível. O pai não consegue enterrar seu finado filho exemplar ao lado dos restos dos ancestrais.

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Brasil - quem apoia a cultura corruptora - 1

http://mariangelapedro.blogspot.com.br/2012/05/brasil-quem-apoia-cultura-corruptora-1.html
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O cemitério reserva uma área para o túmulo dos 'ortodoxos'. Estes perfazem uma espécie, que eles mesmos estabelecem, de judeus mais 'puros' do que os outros. Nesse sistema, regado à religião, a tradição é enaltecida, o preconceito recolorido. Ninguém disse que o céu está fechado para algum judeu ali enterrado, mas o próprio cemitério tem regras que contrariam a benevolência divina.

A história se desenrola para apontar que as igrejas judaicas também são 'mais' ou 'menos' puras. Numa dessas igrejas menos puras, a mãe do mencionado homem jovem, morto em meados do ano passado, selou sua conversão.

A qualidade da igreja teria comprometido a qualidade dessa conversão e assim, como se se tratasse de uma cadeia de base racional, o filho nascido de tal mulher seria de qualidade judaica inferior. O que ele fez durante a vida em termos de adesão ao judaísmo não contou.
Tenha em mente que, reza a regra, 'ser judeu' é determinado por 'ter mãe judia'.

Estudei em profundidade o antissemitismo (preconceito direcionado ao judeu). Por isso, temo especialmente pelo contrassenso que é o judeu fechado. As precauções por questão de segurança seriam sensatas e aceitáveis. Mas elas, sobretudo, vêm escondendo a discriminação do judeu em relação ao não judeu.

O clube A Hebraica recebe incentivos pelo Ministério da Cultura e, por isso, teria de dar acesso irrestrito ao evento que batizaram de "Hebraica para todos". Na prática, não é com esse sentimento que o evento é realizado.

Primeiramente, você, leitor, desconhece essa realização cultural. Ela não está no Guia da Folha, nem no Divirta-se, do Estadão. Chegou a constar, até onde sei, por uma única vez, num guia da Folha de há muito tempo. Eu mesma constatei que a recepção do clube negou acesso aos que compareceram. Eu questionei diante de todos: "Vocês estão mandando as pessoas embora? Está no guia da Folha"!

Talvez isso tenha também pesado para o tratamento que eu passaria a ter. Já tive meu acesso negado "zilhões" de vezes. Até mesmo para debates que o site da Conib promoveu como abertos a todos.

Tanto insisti para que fossem mais profissionais e corretos, que cansei. Isso é o pior de tudo.

Estava preparando uma matéria, para este blog, sobre artistas judeus. Conheci um deles, na abertura da exposição de suas incríveis fotografias. A mulher dele também falou comigo, para elogiar o que eu tinha escrito no livro do evento.
Será que alguém - judeu - ficou ressentido com esse meu sucesso, eu, uma não judia? Quase certamente. Não consegui mais entrar nesses eventos.

Na próxima abertura de exposição, a recepcionista disse que eu não poderia entrar naquele dia. Mas que teria acesso se voltasse durante a semana, em qualquer dia. Perguntei os horários. Ela hesitou. Então, insisti para entrar. Chamaram o responsável, que não era do setor cultural, como eu pedira. Era um ex-policial ('ex' mesmo?), que me jogou na cara as costas de um crachá e usou, ainda, o velho truque do vozeirão para intimidar. E mais este truque: "Estou sabendo do que você já aprontou aí dentro!". Contestei sem me abalar. Inisiti para falar com alguém do clube. Pautei-me pela lógica, sendo segura, calma. Quando disse que nada havia de errado comigo, que eu era legal e não tinha doença ou outra coisa que impedisse que eu entrasse, o policial se contradisse: "Sim, eu sei", concordanto comigo, "esquecido" do que alegara de início - que sabia do que eu já aprontara.

Mais. Exigi que ele me desse a razão por estar-me barrando. Disse ter recebido ordens do chefe. Agora, o chefe não era mais ele, mas outro, que só trabalhava de segunda a sexta (era sábado, dia em que as exposições são abertas, às 15 horas). As ordens teriam sido para não me deixar entrar, alega aquele policial, acrescentando que não sabia dizer a razão (como fica, então, o "estou sabendo do que você já aprontou"?). Instruiu-me a comparecer durante a semana, para conhecer o motivo. Qual é o nome daquele chefe? Diante dessa minha indagação, o policial dá o nome de um homem. Pouco depois, contudo, deixa escapar: "Fale com ela..". Ela??

Pois. Era mais uma contradição, e o fato de eu a apontar leva o policial a ficar fora de si. Visivelmente transtornado e furioso, deu ele o comando para a recepcionista: "Está proibida de entrar". Isso como toda a indicação de que ele, naquele instante, é quem decidia.

É assim, tão "profissional e eficaz", a segurança do clube dos que mais temem por sua segurança...

Depois disso, até eu não considero seguro aquele clube. Denunciei antes, inclusive aqui, o preconceito da chefe da recepção, a Cláudia. Ela é que chamou o policial naquele dia. Nas ocasiões em que ela não estava lá, na recepção, eu consegui entrar, com mais ou menos transtorno. Com ela ali, foi o que acabei de narrar.

Esqueci o projeto sobre os artistas judeus. E já não me envolvo tanto com o antissemitismo.

O 'Hebraica para todos' chegou a montar um sistema de controle dos não judeus que descobriram que podiam entrar, todos os domingos, ao meio-dia, para os shows. Consistia de umas comandas, que não funcionavam bem, pois os funcionários não conseguiam processá-las e, quando a entreguei próximo ao limite de horário, resultou em acusação a mim de não me ter retirado dentro do horário estipulado e impedimento de voltar a entrar durante quatro meses.

Quatro meses? Foi o que disseram. Mas o dobro disso já havia-se passado quando voltei a ser barrada. A verdadeira razão, quase certamente, é eu ter feito críticas a alguém lá dentro, durante um lançamento de livros, sobre os procedimentos não padronizados da recepção. Cláudia, nesse dia, não estava lá. Fora convidada para o lançamento. Mesmo assim, a recepcionista chamou o policial (que era outro); quando este me deixou entrar, a recepcionista foi ríspida no trato e,exigindo para que eu me mantivesse em data posição, disparou a camêra do computador várias vezes a ponto de o led se tornar insuportável à minha visão.
Depois disso, ficou clara a "padronização": proibida de entrar no clube até "segunda ordem".

Novos convites vieram, mesmo depois disso. A efetiva Administração não existe em lugar algum que eu conheça, neste país. A quase unânime apologia à tradição, à religião, à autoridade meramente formal não é mera coincidência, mas fator explicativo de peso. Os convites? Passei a ignorá-los. Desisti mesmo.

O 'Hebraica para todos' continua ausente dos guias dos grandes jornais e não há anúncios dos eventos em outras mídias populares. Resta evidente: eles já têm gente bastante no clube e não querem aprender a administrar a democratização da cultura. E há a questão judaica... reversa.

Aquele pai, cujo filho acabou tendo de ser enterrado em outra ala do cemitério, diferente daquela a que pretence o túmulo dos avós ortodoxos, entrou com ação na justiça. Quem viver por longos anos, que todos os trâmites judiciais tomarão, verá o resultado. Que eu ouso antecipar: será a vitória da tradição sobre a verdadeira fé, aquela que não se pauta na formalidade da religião, mas na divindade que é a estrita lógica, primaz da união. E do princípio - por hipocrisia, também constitucional - da igualdade.

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