A manobra da FUVEST diante de meu mais recente email deixou patente algo escandaloso, se ainda formos capazes de nos escandalizar. A falta de transparência e a opção dessa instituição por se esquivar levam a fortes dúvidas quanto à lisura do processo de seleção para a USP, o vestibular.
E não são poucos os indicadores disso. Vejamos:
1. A FUVEST declarou que minha nota em redação foi 42 de 80 pontos. Mas o máximo não eram 50 pontos, indaguei. Não respondeu.
2. Ninguém parece ter notado algo inaceitável e que eu jamais havia visto em minha farta carreira de concursos e vestibulares - a FUVEST divulgou os aprovados apenas por ordem alfabética. Em todas as chamadas. Perguntei, também por email, como poderia obter a relação GERAL por ordem de classificação. A FUVEST, de novo, não respondeu.
3. Mas o candidato sabe sua classificação!, dizem os dados a pouco pensar. Sim. Mas é uma classificação "cega". Não sabe quem está à frente dele. E nem quantos! Isso porque há mais. Essa classificação está totalmente emaranhada, de sorte que cada candidato, ainda que conhecendo sua classificação e o número de vagas que são oferecidas para o curso que deseja, não tem como ter a menor ideia do "pé" em que se encontra. Ah... E por que ele fica nessa situação de total escuridão?
4. Por isto: primeiro, a classificação relativa a determinado candidato é na "carreira". Mas não se iludam os afoitos. Carreira NÃO significa sempre a opção do candidato. Um candidato, por exemplo, que optou por geofísica, que ofereceu apenas trinta vagas, foi classificado, segundo informou a FUVEST, numa única relação junto com os candidatos de física (inclusive São Carlos), matemática e suas especializações, estatística, meteorologia e astronomia. Perdoem-se se esqueço de mencionar alguma. Então, um candidato que optou por geofísica em QUARTA opção, e não foi atendido nas três primeiras opções, mas obteve mais pontos do que outro que queria geofísica em primeira opção, pode, teoricamente, ser chamado para sua quarta opção, enquanto o outro não. E nenhum deles fica muito satisfeito...
O que é ainda mais bizarro, se um desses candidatos - ou ambos - não escolheu física como opção, competiu (ou competiram), ainda assim, com candidatos que escolheram essa "disciplina", digamos assim, porque a "carreira", para a FUVEST, é, estranhamente, algo um tanto... fuido.
E encorpado.
5. Ninguém conhece as opções dos candidatos. O que se expõe no item 4, claro é o que, de longe, mais explica tantas desistências de matricula! Mas as explicações dos "entendidos" é que estão esparramadas na mídia, tentando, como de costume, tapar o sol com hipocrisia.
6. Pedi também a FUVEST, por email, que revelasse como exatamente as vagas de todos os cursos sob uma mesma "carreira" são preenchidas, tendo em vista que cada candidato pode fazer até quatro opções.
Você, meu leitor, ainda não percebeu como esse preenchimento de vagas está um tanto.... obscuro? Obscuro, melhor dizendo, ele certamente o é para todos os que não estão elaborando tais listas em ordem ALFABÉTICA... Imagine. Você trabalha na FUVEST e vai me explicar - já que ela não o fez publicamente - como se chega à tal lista de convocados para a matrícula, tendo-se uma única relação ordenada, mas referente a várias "disciplinas" (e diferentes turnos também pode haver), sob uma mesma "carreira" e havendo, ainda, um tanto de combinações de até quatro opções variáveis (uma combinação para cada candidato).... RIGOROSAMENTE na ordem?
Agora você percebeu a dificuldade... Sim, a FUVEST apenas declarou que tal rigor ocorreria. E escondeu todo o resto. Exato, a FUVEST também não atendeu a esse meu pedido de explicação. Alegou que minhas "considerações eram subjetivas". Que ardilosos!
Estou fazendo ampla divulgação disso na internet, a partir de agora. Não se pode ficar conivente com algo tão aviltante assim, mas não surpreendente quando se é lúcido, se é conhecedor da "cultura" deste País e se é capaz de dar o verdadeiro nome às coisas.
Há dois dias enviei pedido ao jornal Estado de S.Paulo para que investigasse isso.
16 de março de 2011 - revisto 17.03.2011
