Coincidência feliz. A Folha de S.Paulo traz hoje em seu editorial o contundente "Fraudes contra a ciência", após eu ter publicado aqui, ontem, postagem denunciando precisamente a profunda corrupção da ciência na USP.
A Folha se atém, de início, a casos em universidades estrangeiras, e ao climagate, para depois propor que o Brasil não estaria isento, uma vez que "instituições de pesquisa já deram mostras de que relutam em investigar a fundo e de forma transparente os poucos casos que vêm à tona, como plágios detectados na maior delas, a USP". Ou seja, não podemos supor que não há fraudes apenas porque elas não aparecem.
Esse editorial reitera matérias, também da Folha, do dia 18/08, sendo que o título de uma deles aponta a USP: "Denúncias de fraudes no Brasil envolveram alto escalão da USP". Eis grande parte dessa matéria:
Dois casos impunes de plágio se destacaram nos últimos anos, ambos envolvendo o alto escalão da USP.
Em 2009, a reitora Suely Vilela foi denunciada por ser coautora de um trabalho que utilizava figuras de um estudo de 2003 da UFRJ. Não houve punição.
O outro caso, de 2007, envolveu o diretor do Instituto de Física, Alejandro Szanto de Toledo, e Nelson Carlin Filho, vice-diretor da Fuvest. Eles publicaram um artigo que tinha parágrafos inteiros copiados de trabalho anterior de um colega.
Em 2008, a reitoria, sob a própria Vilela, fez uma "moção de censura" a ambos. "No começo, até achei que haveria punição concreta", diz Sílvio Salinas, da USP. Para ele, há muita diferença entre Brasil e EUA.
"Lá, mesmo as revisões feitas nos estudos antes da publicação são mais sérias. Aqui parece que o pessoal quer se livrar logo." Não há grandes trabalhos sobre a dimensão das fraudes científicas no país, nem sobre seu custo.