Monday, April 5, 2010

Algo mais perigoso sobre a indestrutível Igreja Católica

Afirmei que esta postagem seria sobre uma mensagem que recebi, há anos, em reação a um comentário meu a matéria publicada na Veja. Ainda estou às voltas com meu enorme arquivo. E acabei de receber, através de email, uma resposta a meus comentários recentes (finalmente liberados) postados na Veja. A pessoa também me faz uma pergunta: dada minha pesquisa, estou certa ou tenho dúvidas sobre o papa João Paulo I ter sido assassinado?

Vou tratar disso aqui. Eu afirmo que não tenho dúvidas. Eis grande parte de minha resposta a tal pessoa, que soube do caso do João Paulo I em 2000 (ele foi morto em 1978; não sei quantos anos tem o leitor que me escreveu):

Em relação a João Paulo I, a dificuldade em provar o assassinato é bem demonstrada pelo próprio David Yallop, autor de In God's name - an investigation into the murder of the Pope John Paul I. (A obra foi relançada em 2007, em inglês. Não disponível em português...)

Eu não tenho dúvidas quanto ao assassinato. Não me baseio apenas no livro de David Yallop, mas em ampla e profunda pesquisa histórica. E veja o que se passa em relação aos abusos sexuais. Décadas se passaram! Se as denúncias acabaram surgindo, temos de considerar que se trata de crime e que as vítimas, uma vez fora da Igreja, registraram o abuso. Tiveram meios para fazê-lo.

Já um assassinato DENTRO da Cidade Estado do Vaticano... Quem vai fazer queixa-crime e onde? No próprio Vaticano?

Ninguém, nem Interpol, nada, nada consegue interferir no Vaticano.
Temos criminosos de guerra sendo apreendidos seja em que ponto do planeta for (exceto no Vaticano) e sendo julgados, não importa o tempo transcorrido. Mas ninguém jamais entra no Vaticano e apreende um papa, não importam as provas que se tenha contra ele, não importa o tanto de queimados, desaparecidos, etc.

A imprensa revelou que Ratzinger (Bento 16) foi convocado para comparecer diante de um tribunal, para depor em um caso de pedofilia. E o Estado do Vaticano já rebateu, alegando o mesmo de sempre: o Vaticano é um estado soberano, o papa tem imunidade. É isso o que significa a alegação - nada interfere com eles. Se você for um baita criminoso e for acolhido pelo Vaticano, ninguém conseguirá prender você, levar você a um tribunal.

Não estou dizendo que você é um criminoso. É só para explicar que, nessa hipótese, a tal imunidade do Vaticano se estende a você e o torna totalmente fora do alcance de qualquer outro Estado ou instituição.

Por isso também o caso CALVI rola até hoje e não se conseguiu julgar os principais suspeitos. O então presidente do Banco do Vaticano, nascido em Chicago, um dos suspeitos do assassinato do Joao Paulo I, se refugiou no Vaticano por anos justamente para fugir aos tribunais. Os demais envolvidos - entre eles o próprio Calvi - foram mortos.

Calvi, por fim, foi comprovadamente declarado assassinado graças ao empenho de sua família junto à justiça britânica (ele apareceu morto em Londres). A versão oficial inicial era de que ele se suicidara. Sua secretária também foi "suicidada", com diferença de dias...

Vários papas foram envenenados e o caso de Joao Paulo I não causa surpresa aos especialistas. Mas a mim causou consternação tendo em vista a personalidade de João Paulo I e a grande esperança que ele representava para os que lutavam - entre eles muitos cardeais - e contra todas as probabilidades; lutavam por uma igreja compatível com um Cristo que insjpira muitos neste planeta. Isso, infelizmente, é puro sonho sem base alguma de realização. [...] a história - a verdadeira - não passa nem de longe pela mente da grande maioria.

Para resumir, temos estas principais evidências de que João Paulo I foi assassinado:

1. Em 27 de setembrode 1978 ele anunciou ao seu Secretário de Estado, Villot, que iria demitir [prontamente] Paul Marcinkus, o tal presidente do Banco do Vaticano, que acabou ileso. E outros poderosos do Vaticano também seriam afastados de seus postos.
Em 28 de setembro (sim, no dia seguinte), João Paulo I foi encontrado morto, em sua cama, ao amanhecer.
2. Não se fez autópsia, ou uma autópsia não secreta, apesar de grande pressão geral na época para que isso fosse feito.
3. O atestado de óbito de JP I é secreto. Nenhum médico se apresentou como tendo assinado tal atestado.

Isso afasta qualquer dúvida em relação a uma pessoa ter sido ou não assassinada - fica óbvio que se trata de crime.
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Albino Luciani, o nome de batismo de João Paulo I, o papa sorriso, 33 dias de pontificado, é um ícone importante para uma tese incomum: é sempre melhor saber onde se está pisando.

O que prevalece são imagens sobre empresas, instituições. Imagem, aqui, como conceito muito afim aos publicitários e profissionais de marketing. Imagens - para ser redundante sem sê-lo... - não são a realidade.

Eu detinha, entre tantas outras, uma imagem da USP. Foi tal imagem que me fez deixar minha cidade natal, arriscar muito... para fazer mestrado na USP. Sim, encha a boca. Era assim que eu fazia então, ao falar da universidade "top" deste reduto das Américas. Admito hoje que estava enganada. Fui enfrentando a decepção, fui aprendendo a não me deixar levar por imagens, principalmente se essa imagem é a imagem da maioria. Já disse o poeta Valéry: Se quase todos acreditam em algo, quase certamente é mentira.


Hoje conheço melhor essa Maioria. Hoje me conheço muito melhor. Hoje está bem nítida em mim uma certa "coincidência": quem tem a imagem top... tem o poder top. Ah!

O "top" em vender imagem é a Igreja Católica. Já escrevi isso em 2005. Ninguém supera a Igreja de Roma em marketing. Com o poder que tem, ela fica por isso mesmo imbatível também em estratégicas de formação de imagem. 

Consideremos, ainda, que há o fator "catecismo". No Brasil, muitos - talvez a maioria - ainda são catequizados criancinhas. Como, mais tarde, se livrar de uma imagem tão enraizada, atrelada à salvação, à "fé melhor", a um tanto de elementos falsos, mas que, para nós, catequizados, viram pontos de honra?

Para quem sabe onde está, para quem sabe o que é a Igreja de Roma, não é o caso de "tentar destruir a Igreja" - você não é Golias. Tampouco é o caso de "tentar levar a Igreja de volta às suas origens, como igreja de Cristo". As verdadeiras origens não são estas.

A Igreja não tem origem em Cristo, qualquer que seja a ideia de Cristo para você. A menos que você seja um "ponto fora da curva", sua ideia de Cristo não é a de uma alta autoridade do império romano. Então, achar que a Igreja Católica de Roma tem origens em Cristo é puro erro. Ou puro axioma "teológico-histórico" - bem engendrado e pregado pelos séculos e séculos afora. Bem claro: uma mentira que vira dogma.

Isso, em tese, - e só 'em tese' mesmo - destrói o cristianismo. Embora a Igreja Católica de Roma não tenha origens em Cristo, ela é a absoluta responsável pelo cristianismo tal qual ele é hoje. Não por outros cristianismos, discípulos, pais e santos legítimos, todos eles alijados da história que está por todo lado. A Igreja Católica de Roma é responsável pelos santos idolatrados, pelos bispos catolizados, pelas Marias que viraram João, pelo sumiço das mulheres na igreja primitiva, por distorções tantas, só equiparáveis em número à quantidade de crimes "justificados" hipocritamente em nome de um senhor - o nosso, Nosso Senhor Jesus Cristo. Nosso é tão frisado quanto amém
E tanto quanto  Nova Aliança. Essa boa nova exigiu o extermínio dos judeus, o povo da "antiga" aliança. O "Antiga" é puro catolicismo. Não puro como Virgem; puro como exclusivo
Graças à Igreja de Roma, temos a Paixão de Cristo, o Pedro-ignorante-fundador, o Paulo-que-muda-de-lado feito sonho realizado.
E... graças à Igreja de Roma, me lembrou, com arrogância, alguém, temos as universidades - melhor, tivemos as primeiras universidades. E estas, esse alguém não quer saber, foram fundadas para transformar a teologia, até então universal, em matéria exclusivamente católica, e em ciência maior. Leia-se: que ninguém questiona.


Como ficaria nosso mundo sem esse cristianismo? Como seria o mundo se fôssemos majoritariamente judeus - o que seríamos se não fosse o tal "cristianismo"? Como seria o mundo se Nosso Cristianismo não tivesse devastado o planeta dos melhores líderes, das melhores pessoas em humanidade? Se não tivéssemos mais o centro em Roma, sob a égide de uma moral primitiva, mas que todos acham fundamental? 

Como seria o mundo se pudéssemos mesmo ser conhecedores da verdadeira história e se não mais ouvíssemos, depois de ter postado comentários "ousados" na Veja: "Você usou seu nome verdadeiro? É perigoso!"

Como seria o mundo se o velho, ante-arqui-imperial "perigo" não fosse mais tão chegado a nós? Ou melhor, nós tão chegados a ele. 


Como seria o pontificado de João Paulo I se ele não tivesse a ingenuidade da grande maioria das pessoas em relação à Igreja de Roma, suas origens? Se, em vez da fútil e tola ideia de que a Igreja Católica foi a "igreja pobre, voltada para os pobres e depois se corrompeu", João Paulo I tivesse a noção acertada de onde estava pisando? No mínimo, seu pontificado teria sido mais longo. Poderia ter feito muito mais, com o poder que acabou em suas mãos. E João Paulo II não seria papa... por tanto tempo. Com tanta pedofilia escondida, tantos escândalos financeiros na esteira da morte da sua maior vítima - João Paulo I.

Nenhum homem é uma ilha - usaram esse chavão para se referir ao filme de Scorsese, A ilha do medo. O que esse chavão quer dizer? Isto: Ninguém é dono de seus próprios pensamentos. É isso o que o chavão deveria dizer, para a multidão que dele faz uso, banalmente. O que você pensa... pensaram por você, meu amiguinho! Você acha que chegou à sua convicção por si porque você é, ainda por cima, orgulhoso. Entretanto, quanto mais católico você é, menos pensante vocẽ é capaz de ser.

Católico aqui não quer dizer apenas "batizado na igreja católica". Não é o batismo que nos priva de nossa mente. Isso é só o primeiro passo temerário que nossa família, ávida por ser aceita socialmente, dá com base... no pensamento que não é dela! É moldado pela comunidade, é da sociedade. 

Ninguém vê que a mensagem essencial de Ilha do Medo é.. uma ilha? "Insista em ver o que não é permitido, insista em ser fiel a você, à sua memória e... veja o que lhe acontecerá!"

O excelente no filme é que o protagonista, Di Caprio, atinge o que praticamente ninguém mais atinge: a consciência de tal mensagem. Todos dizem amém, por... medo! Mas declaram, nesses tempos modernos salgados à velha arrogância, que "é burrice contrariar o professor, questionar a autoridade". A alienação agora se defende alegando que o contrário é burrice. Vejam só!


Espero que com isto, meus ex-alunos, por fim, entendam um pouco melhor o que eu afirmava em classe: "Se o sujeito está consciente, se ele conhece o chão em que pisa, jamais vou recriminá-lo se ele decidir servir ao diabo".

Todos fazem careca ao ouvir isso. Servem exatamente ao diabo... sem estar conscientes.  Di Caprio estava consciente. E disse um contundente 'não' ao diabo.

Ainda não entendeu?
Como seria o mundo... se você entendesse?

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