Tuesday, March 30, 2010

ILHA DO MEDO (Shutter Island) - por que tanta discussão? Para expiar o medo?

Colegas me disseram que há fóruns e mais fóruns de discussão na internet sobre o filme estrelado por Di Cpario. Muita polêmica...
Polêmica é sinônimo de medo.

Acabei de assistir ao filme. Não entrei em nenhuma discussão na rede, nem vou. Para mim, desvendar o filme não é tão difícil. A história não adentra a mente das pessoas, mas uma instituição e A Instituição - a prisão que é a sociedade, ainda que sua cerca elétrica não seja ostensiva para muitos.

No final do filme, fazem um experimento em Di Caprio - sim, um ex-oficial da Polícia Federal a partir do momento em que pisou no hospital para investigar. Mas ele não sabia disso.

O experimento é fazer com que Di Caprio tenha outras lembranças sobre a morte de sua esposa e filhos - mesmo sem nunca tê-los tido. A paciente desaparecida vira sua esposa e ela mata (afoga) os três filhos do casal, sendo em seguida assassinada pelo "novo" Di Caprio. É essa a lembrança "certa" que Di Caprio deve passar a ter. E que começa a lhe invadir na forma de alucinações, durante o desenrolar do filme, uma vez que passa a receber - sem perceber - neurotrópicos.

Quando ele acorda, no final do filme, calmo e com roupas limpas (não de enfermeiro). o experimento parece ter dado certo. Mas seus algozes - psiquiatras - não têm certeza sobre a duração de tal resultado.

Na cena final, Di Caprio toma uma decisão - e ele, antes dos médicos, já sabia que o experimento falhara.
Que decisão ele toma? Ele revela ao seu "companheiro" (não é da Polícia, mas um agente do hospital) que havia pensado sobre isto: seria melhor viver como um monstro ou morrer como um bom moço?

Di Caprio já sabia o que lhe aconteceria, caso aquele experimento mais "brando" não funcionasse: seria submetido a experimento mais terrível. Sofreria uma lobotomia.

Di Caprio decide viver como um monstro. Ele decide ficar no hospital - viver como o paciente 67. Viverá como um monstro - o resultado da lobotomia não é outro.
Se decidisse por ser o "bom moço" - ter as lembranças certas, parar de desafiar o hospital e, claro, desistir de acabar com ele - morreria. Morrer aqui não é no sentido literal. Ele não seria mais quem ele era. Sairia do hospital, mas seria, de todo modo, um ex-paciente, curado pelo hospital. Ou seja, ao contrário de acabar com o hospital, seria um garoto-propaganda e prova do sucesso do tratamento ministrado lá. Se falasse a verdade sobre a instituição, ninguém o levaria a sério. Isso seria visto por toda a sociedade como "recaída". Então, ainda que fora do hospital, restar-lhe-ia, inexoravelmente, ser o bom moço, abrindo mão definitivamente do que ele era, com suas ambições de provar a verdade, salvar pelo menos um paciente, enfim, com esse tipo de sonho de gente de fibra. Que a sociedade odeia.

Para voltar à sociedade, só na pele - e na mente - da recriação do hospital, testemunhando como alguém que, ainda por cima, livra a barra do hospital em relação ao destino da renomada psiquiatra (aquela que ele encontra na caverna). O destino dos lúcidos na sociedade - a caverna...

De sutil, há ainda a associação do farol - algo para guiar - com o fim do verdadeiro homem e o nascimento de uma versão aceitável socialmente. Quem percebeu essa? Ninguém?...

Não, não me pergunte como eu consigo perceber tudo isso... Não venha insinuar que eu sou...

Di Caprio choca - ele toma a decisão menos comum. Praticamente todos fora de hospitais estão muito facilmente dispostos a ser o bom moço, a boa moça. Di Caprio, em seu compromisso inarredável com a verdade, só poderia ser mais um monstro - mais uma prova, perambulando por lindos jardins, da insanidade da sociedade. Mas jamais um cúmplice e promotor de tal insanidade.

Então? Cadê a polêmica?
Defendo uma teoria que tem tudo a ver com a Grande Ilha do Medo: onde há polêmica, há muito, muito medo... e um bando de bons moços e boas moças...

Nota: O filme é baseado em romance de Dennis Lehane, Shutter Island (2004)

SEARCH BOX ~ BUSCA

THIS PAGE IS DESIGNED FOR A TINY GROUP OF
'-ERS' FELLOWS: LOVERS OF IDEAS; EXPLORERS OF THE SUBLE; THINKERS AND WRITERS OF INEXHAUSTIBLE PASSION. ULTIMATELY MINDERS OF FREEDOM.