Sunday, March 28, 2010

IGREJA - fugindo à própria salvação

"Imperdoável", o segundo editorial de hoje, Folha de S. Paulo, é elogiável por apontar a insistente reação defensiva da Igreja Católica, diante dos fatos "da mais pura infâmia".

Há uma diferença básica... entre a compaixão pelo pecador, de ordem essencialmente privada, e o esforço, de ordem corporativa e política, de preservar a instituição dos escândalos que a acometem....
Lançar luz sobre casos de pedofilia e exigir sua punição nada tem a ver com preconceito anticlerical ou com algum tipo de campanha contra a igreja...

Tal reação defensiva colide com o "reconhecimento do grave dano", que Bento XVI alega dele ter "convicção", em sua carta pública aos católicos irlandeses.

A Igreja não aprendeu a amar os "inimigos". Não me parece improvável que Bento XVI resmungue, várias vezes ao dia: "Amar o inimigo é não provocá-lo, é deixá-lo quieto". Ouvi essa interpretação de um dos pontos do Sermão da Montanha, em um sermão proferido numa igreja católica. O dedo é apontado para o outro, que "provoca" e, portanto, não ama. Tal exprime a mentalidade dos que não crescem. Não crescem para apontar o dedo para si mesmos, para, por fim, reconhecer que a "provocação" não visa "destruir". Forçar o outro a reconhecer de fato seus erros é um ato maduro. Tomá-lo como "anti" seja-o-que-for é demonstração do oposto, de imaturidade.

A Igreja, emitindo mensagens contraditórias, é quem destrói a si mesma. "Querem nos destruir" é coisa de quem não assimilou que não se põe a baixo a casa edificada na rocha. Mas aquele palacete construído sobre areia...

Toda aquele - e toda instituição - que vive defendendo uma máscara, acredita não em ensinamentos difíceis, que entraram nos evangelhos como de Jesus, mas acredita que "somos aquilo que o mundo vê em relação a nós". Amor genuíno repudia as máscaras, porque sabe que ela não presta para o mundo do bem, da genuína fé.

Em nome de sua máscara, o homem fincado na areia chama de inimigo até aquele que o ama profundamente. Esse tolo, ou uma instituição primitiva, defende sua máscara a todo custo. Deve satisfação ao mundo no que ele tem de mais falso, mais ardiloso. Não é capaz de ver valor, de fato, na responsabilidade, na pureza que advém do reconhecimento sincero.

Conheci um tolo que "mandou passear" uma mulher que expôs o lado sombrio desse tolo, escravo da máscara e do mundo. Ela não obedeceu, não foi embora. Ele até hoje não entende o que aconteceu. Ele nada mudou. Continua servo do mundo, de seus pecados, que ele ainda enfrenta com reações defensivas.

Exala dos evangelhos que o amor - em especial o amor ao inimigo - pode transformar o ser, uma instituição. Se essa transformação é rara, devemos saber a razão: não assimilamos, apesar de venerarmos o Livro, um ponto forte do Sermão da Montanha.

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