Não existe, de fato, nenhum objetivo à vista.... Não esconda a chama, não a apague, não a deixe sumir. Apenas deixe-a existir. Deixe-a consumir você... Deixe que a chama ponha abaixo todas as suas concepções sobre o que é bom ou mau... Os insights que você teve no passado podem ter sido acertados, mas como pode você saber que eles são o que você precisa agora e no futuro?... Saltamos sobre a primeira promessa de salvação que aparece. Por que não permancer com a questão?
A H Aalmas
Apresentamos "zilhões" de argumentos, de letras em brasa, para você abandonar sua "certeza" e começar a viver. E, muito provavelmente, tornar-se um grande cientista, em qualquer área, exceto, claro, em "teologia", que incrivelmente se tornou "a ciência das ciências".
Deixemos que a religião compita no mercado de ideias, em vez de procurar abrigo atrás de privilégios. A qualidade do argumento, e não a qualidade de acesso ao poder, é o que deve importar.
The Economist, editorial de 16/02/2008
Oferecemos cobertura total ao amplamente ignorado "acordo" (Concordata) assinado entre Lula e o Papa alguns meses depois desse editorial; o Congresso transformou o acordo em lei, no segundo semestre de 2009.
Somente educação crítica, que efetivamente forme cidadãos, pode tornar as pessoas insensíveis aos discursos ultrapassados".
Sedi Hirano
Por que discursos ultrapassados continuam a "arrastar" tantos seguidores? Por que se promove tanto a liberdade de crença, uma vez que não há liberdade na crença? Procuramos incansalvelmente entender esse fenômeno, também apontado por um notável político:
O maior inimigo da verdade não é a mentira... mas o mito - persistente, persuasivo e pragmático. Muito frequentemente nos apegamos aos clichês de nossos anteprassados.
J.F. Kennedy
A liberdade depende do desenvolvimento do intelecto - isso pode parecer óbvio aqui, mas só se você tem memória ruim e, sempre desligado, não repara que está totalmente instalada uma cultura da "fé - e não inteligência - é o que importa". Mostramos as implicações disso no dia a dia.
Estudo da Unesco, com 128 nações, mostra que o Brasil está atrás do Paraguai e da Argentina.
Manchete do Estadão, 20/01/2010, que apresenta erros ela mesma, aqui corrigidos (a manchete original diz "mostra que Brasil está atrás de Paraguai e Argentina...)
Essa vergonha nacional, contudo, não explica tudo. Veja este que é mais um discurso ultrapassado que engole multidões:
Não colocamos aqui, no mesmo nível, uma série de movimentos religiosos que se autodenominam "igrejas". A muitos deles faltam tradição histórica e todo um arcabouço que os configure como igreja.
Dom Dimas, secretário-geral da CNBB, em artigo, Folha, 27/12/2009 que, revelando papéis que a Igreja Católica "assume-sem-querer", ainda declara:
À exaustão repetimos o quanto a igreja preza e respeita a verdadeira laicidade do Estado e que não tem a menor intenção de assumir função que não seja sua ou que contradiga sua natureza....
Mas, no final do artigo, a Igreja reclama esta função para si:
O próximo ano se reveste de grande importância para o país, considerando que será um ano eleitoral. A CNBB não se omitirá no seu papel de colaborar para a formação de uma consciência crítica dos cidadãos a fim de que sejam os protagonistas na solidificação de nossa democracia.
Repare o "nossa" - nossa democracia. Certamente não é um pronome possessivo que aparece à toa; ele remete ao "acordo" Vaticano-Brasil. Note ainda que a CNBB, além de agora assumir um papel que parece a todos estranho à "natureza da Igreja", dirige-se não apenas aos católicos, mas a todos: está escrito "cidadãos" acima.
Estamos sempre analisando, neste blog, discursos "pegadinha" como esse da CNBB, entre eles os inseridos em artigos de colunistas da Folha e do Estado, em filmes e até em sermões. Contudo, a assimilação dessas análises é tarefa difícil para quase todos os leitores, que têm, em comum, as seguintes concepções:
"Sou mente aberta"...
Todos dizem isso. Tenho encontrado, porém, mais pobres informados sobre a Igreja e criticamente cientes da realidade em geral do que constato tal em "gente bacana". Neste blog, cortamos a crista de muita gente. Os católicos são tão alienados quanto os evangélicos, enquanto se acham uma "igreja melhor", sempre apresentando como justificativas argumentos banais como: "Lá eu entro e saio quando quero, e não sou obrigada a dar nada". "Imoralidade não importa"
Os escândalos não afetam os crentes, sejam católicos ou evangélicos. É praticamente unânime a alegação, para eles absolutamente válida, de que tal não importa - "a imoralidade há em todo o lugar", declaram. Assim, jogam um cobertor na própria imoralidade: "Ninguém é perfeito", também repetem e repetem. Nem por um momento passa pela cabeça desses cristãos que Jesus jamais diria essas coisas. De fato, ele foi explicitamente contra elas. Ele jamais seria quer católico, quer evangélico. Nada, nada a ver. Ao demonstrar isso, não promovemos o ateísmo, mas apontamos o irrisório desenvolvimento moral desses crentes que, em geral, quanto mais chamados a questionar a si mesmos, mais se agarram à crença, manipulados que são para receber os questionamentos como "tentações" e incapazes que são de viver a vida com genuína coragem e lucidez. E, justamente por isso, são facilmente manipulados. O ciclo da hipocrisia. Sabendo disso, você acha que vai mudar alguma coisa com este blog?, alguém me pergunta.
Não, não vou mudar. Tratamos esse assunto como histórico e, a esse respeito, enfatizamos:
O que falta na História - A democracia quando a maioria crê
Registramos por que arruinamos nossa Existência, por que já chegamos ao ponto de não-retorno. E que, justamente por isso, o debate entre crentes e ateus anda tão acalorado. Ambos - crentes e ateus - tão somente se distraem diante do Abstrato, em cujo nome se fez o maior número de servos da História. Nenhuma Princesa Isabel os libertará...
A fabricação da Transparência e da Legalidade no reino da fé corrupta - a USP dá lição disso também
Onde o debate sobre Deus é mais acalorado, maior é a corrupção reinante. O que você lê, por cima, nos jornais, sobre nossa corrupção, é muito pouco. A Universidade de São Paulo - USP tem corrupção escorrendo de todos os poros - e mecanismos para que ela não chegue aos jornais. Mas está aqui. Durante meu doutorado em História Social na FFLCH testemunhei tanta corrupção que fiquei satisfeita para o resto da vida. A USP vive de recursos de impostos, de dinheiro dos cidadãos. Há rios de regulamentos, de comissões de controle. Fachada, pura fachada. Se quiserem fazer qualquer coisa, fazem. E acobertam.
Resumidamente, eis as principais afrontas da USP não apenas à lei, mas ao Razoável que seja: armaram para "cancelar" minha matrícula. Nessa, eu me dei bem. Consegui expor o golpe. Continuei matriculada. Negaram-me bolsa do governo com parecer mentiroso - essa ficou por isso mesmo. Armaram uma trama para se "saírem bem" quando o prazo fatal de meu exame de qualificação se aproximou, ao cabo de mais de quatro anos. Quatro anos, matriculada em doutorado. Com um orientador de fachada, que me enviou vários emails declarando que "não me conhecia", que eu era "um erro"... E isso continuou, por qua-tro anos. Enviaram email forjado, usando a assinatura de funcionária sem que ela soubesse. Transferiram outro funcionário, para sumir com testemunha "perigosa", que não daria falso testemunho. O professor que me aprovou - e que não aparece nos registros - morreu de repente em novembro de 2006. Ninguém sabe de quê. Não abriram processo algum, apesar de duas requisições formais, fartas em provas, que protocolei, em novembro de 2008. E que publiquei no meu outro blog, específico sobre meu doutorado. Também ignoraram a denúncia que protocolei na Reitoria, em 2005, no início da série de irregularidades. Então, foi uma atrás da outra. Foi lama para cobrir a lama que começava a escorrer e pingar...
Não relato o caso para desfilar ressentimentos, mas como lição de como o que realmente acontece não está - jamais está - na história que é... a autorizada. Assim, até a The Economist faz ela mais um pouco de vista grossa e publica que o Brasil é "uma plena democracia"... É como a Palavra de Deus - dá-se sempre um jeito de encontrar a "interpretação correta" para qualquer declaração...
O Mito apagou a Chama - faz tempo
Deus era sinônimo de Chama, de interrogação. Então, se impôs o mito, o Cristo católico e, hoje, também evangélico. Deus tornou-se, sem dúvida, sinônimo de Servidão, disfarçada como Sacrifício Aceitável e Recompensável. Os que se libertaram disso são tão poucos que se sentem mal - como se perambulassem luxuosamente trajados em meio aos escombros de Porto Príncipe (Haiti) de hoje.
Esperança como Pano Quente. Ou... o Convite
Mas a Esperança ainda não morreu... Sim, não morreu, mas, coletivamente, apenas serve, agora, de mecanismo de escape. A supremacia da religiosidade que veio de autoridades - sejam papas, pastores, etc. - significa, precisamente, o fim da genuína Fé.
Resta o convite individual: liberte-se, se for capaz. Confirmamos que, uma vez Livre, você se sentirá desconfortável como um marajá em um pagode de miseráveis. Mas essa sempre foi a contrapartida. E isso está nos evangelhos, nas partes que não são massificadas nas igrejas católicas, evangélicas e afins. São partes inteligíveis não para autoridades, sempre ambiciosas, que se acham mais do que os outros, porque cursaram anos de seminário, reduto de educação que poda, que deixa do jeito "que deve ser"... Aquelas partes dos evangelhos que são a Pura Liberdade são compreensíveis apenas para todo aquele que... se liberta.
Portanto, os evangelhos também não fazem nada por si. Não transformam ninguém. São, como este blog, História. Testemunho.
O Convite está feito, mas ele representa muito pouco, quase nada. Se não houver em você resquício que seja daquela Chama, e uma personalidade forte, o convite - e todas estas palavras que o acompanham - só lhe parecerá algo subjetivo, incompreensível ou irrealista.