O filme mostra um filho do Brasil?
Só se for de uma terra onde o sol escaldante do nordeste torne as almas doces... Mas a regra não é essa. As almas se desesperam e fedem de tão amargas.
Seja como for, quem disse que homem não chora?
O filho ilustre de dona Lindu chora.
Lula chora. E chora. E chora.
Depois que fica viúvo, pega o hábito de apertar os olhos enquanto chora, justamente recorrendo à mão com o dedo decepado, que ostenta enquanto se desmancha em lágrimas.
Lula morre de inibição quando se trata de flertar com Lurdes. Mas discursa com estarrecedora desenvoltura no sindicato.
Êta homem versátil, esse Lula!
Após constatar tanta choradeira, você, no final do filme, descobre que Lula vê a presidência da República como mais um diploma para mostrar para sua mamãe. Então, que Deus a tenha...
Você acha que não vai aguentar até o final do filme?
Antes de se levantar e deixar a sala de projeção, repare que há uma narrativa algo histórica: é sobre a ditadura militar. Você nem sabe o que foi um Ato Institucional? Preste atenção e aprenda.
Mas, por favor, deixe de ser mais um filho ou uma filha deste Brasil e pare de dizer, por aí, 'janta'.
Sim, eu sei, eu ouvi. Dona Lindu, na hora do JN, da hora da política, levanta-se e diz que vai 'esquentar a janta'. Mas isso revela justamente a falta de sofisticação de seu berço. E sua sofrível passagem pela escola (se é que ela chegou a assistir a alguma aula).
Previna-se também quanto a isto: você pode ficar com a sensação de que estamos, finalmente, deitados em berço esplêndido graças à sabedoria de Dona Lindu - que só falta ser beatificada. E por que não, já que Lula e o Papa são agora 'irmaõs'?
É só teimar, meu filho. Só teimar. Assim orientou Dona Lindu.
O próprio papa Bento atesta a 'filosofia' de Dona Lindu: para ter a Concordata assinada, foi só teimar com Lula. Só teimar. Deu certo.
Nota relevante: Ao postar este texto-crítica, eu grafei o nome do filme como "Lula, filho do Brasil". Mas isso contém um erro.
Erro?! Eu omiti um "o". O correto é "Lula, o filho do Brasil". Sem o artigo ('o'), Lula é um filho do Brasil, entre tantos e tantos outros... Com o artigo, leva-se ao entendimento de que Lula é o único filho do Brasil, assim como dizem que Jesus é o filho de Deus - único.
Lula, o artigo também sugere, seria o único filho do Brasil que merece representar o país.
Apenas "filho do Brasil" não contém apelo algum. Diz o que é verdadeiro. É filho; mas não confere a Lula nada de destaque em relação aos outros filhos, também do Brasil.
Portanto, o artigo o não é mero "detalhe" sem importância.
