revisto em 09 de dezembro
Inevitável, já tive vinte e poucos anos. Então, para mim a USP era um centro de saber.
Que a Igreja defenda a ideologia dela, que impeça o saber, que recrimine a inteligência - tudo isso faz sentido, total sentido diante da verdadeira História. Mas observar isso numa universidade que não tem "católica" no nome, e com a reputação da USP? Lá pode-se pesquisar o que for, defender a tese que for, com o espírito de excelência - assim eu achava, em tenra idade.
Não é nada disso. E algo acabou de acontecer na sala de um professor fundador da FEA que está mais escondido do público do que o "símbolo perdido" de Dan Brown.
O que é?
Sem mistério e suspense aqui. O que está escondido do público é o jogo que os professores fazem; que o prof. Geraldo Toledo acabou de fazer comigo, sem que eu sequer pudesse imaginar que, naquela ocasião, estava prestes a me deparar com aquilo.
Sim, Geraldo Toledo é da FEA. E um dos professores que pode se gabar do número de bancas examinadoras de que participou.
Não, não fui sua aluna.
Agora, vou contar como eu fui parar na sala dele hoje, e por quê.
Aquele artigo, "Que história é essa de cristãos?", postado aqui? Pois. Estou oferecendo o texto diretamente para pessoas capazes de ler, que têm a mente aberta. Prof. Campomar, que divide o espaço-escritório com Geraldo, me recebeu muito bem, demonstrou interesse. E assim, obteve a cópia, já faz algumas semanas. Geraldo estava ali e, então, ofereci para ele também. "Pegue com Campomar, depois que ele tiver lido".
Ao final de uma defesa de tese, outro dia, Campomar "entrou" entre mim e Geraldo, dizendo para ele: "Você precisa ler o artigo dela"... Geraldo reclama: "Não recebi nada". "Ah, professor, desculpe-me. Estava tentando economizar na cópia. Mas eu vou tirar uma cópia só para você".
Uma vez que procuro mesmo cumprir o que digo, vi-me com esta dívida, cujo prazo se estendia...
Hoje, coincidência, cheguei à FEA junto com Geraldo. "Estou com o artigo aqui. Tem como tirar uma cópia na sua sala"? A secretária dele não conseguira chegar... tudo enrolado. "Professor, volto mais tarde, com a cópia", disse.
Assim foi.
Entrei na sala dele sorrindo, relaxada, sem jogos, sem agendas ocultas. Mas isso não se aplicava a Geraldo.
Notei, sim, um sorriso estranho. Mas não fui tão perspicaz a ponto de acionar o "alarme". Afinal, eu só iria deixar o artigo lá. Nada mais.
Alarme? Que alarme? Jogos à vista. Manipulação. Trocas NÃO AUTÊNTICAS. Portanto, não produtivas.
Geraldo começa a fazer perguntas. E já com "segundas intenções". Eu respondi inocentemente. Mas, pelas perguntas que ele fez, eu deveria ter ligado logo o "alarme".
"Por que você está me dando isso"? Pergunta estranha, como se ele sequer tivesse ouvido falar do artigo. E já tirava o corpo fora no sentido de elogiar.
Eu digo que não quero elogios, quero críticas. "Você me devolve com comentários"?
Geraldo estava na defensiva. Eu não dei bola de pronto para esse detalhe; não pude ver sentido nenhum naquilo. Afinal, não há vínculo. Nada. Esperava apenas que Geraldo, além de apreciar a leitura, corrigisse algo de português já que, numa das defesas, ele me deu a impressão de ser muito bom nisso. Ou, se fosse tão atencioso, poderia apontar algo que escapara a mim. Isso tudo na camaradagem. Assim eu pensava.
Mas as perguntas de Geraldo se sucederam.
"Onde você apresentou isso? Para que é"?
"É apenas um artigo que escrevi. Só eu. Eu e só".
Mas aí Geraldo viu que podia esmerar-se no jogar, justamente porque eu sequer tinha o nome de um professor do Clube, isto mesmo, da USP, como "escudo".
Geraldo, logo eu perceberia, tinha uma vaga ideia do que "acontecera no departamento de história". Muito vaga ideia, mas o bastante, para ele, é que eu "não tinha sido aprovada". "Alguma coisa houve", afirma ele. Como não era meu objetivo tratar do assunto, fui evasiva.
Então, Geraldo começa a encenar, para surpresa minha, como se aquilo fosse uma sessão de defesa. Defesa, já esclareci para vocês, é jogo. Quase sempre. O candidato é aprovado porque há o orientador ali. E porque, no dia seguinte, os outros professores é que estarão com "seus" alunos na banca. Ilustração vexatória de "uma mão lava a outra".
Geraldo acha que eu estou "sempre" na FEA porque busco, passando aquele artigo em história, entrar no doutorado ali, no departamento de administração.
Remexendo displicentemente as folhas do meu artigo, ele avalia:
"Você pode apresentar isto na ECA".[Escola de Comunicação e Artes]
"Na ECA, professor"?
"Sim. Lá eles aceitam coisas de filosofia".
"Não dá para apresentar isto aqui" - ele dispara, para minha total estranheza.
A intenção de Geraldo ficaria evidenciada após o encontro: ele quis me "arrasar", ao mesmo tempo em que se alinhava com a sujeira do departamento de história. Recorria ele a estratégia comum na igreja, no Congresso, e também na USP. Saber? Forget it. Temos um acobertando a lambança, a corrupção do outro. E a reputação da USP é um símbolo que dá o que pensar, cujo verdadeiro sentido está perdido há muito, muito tempo.
Não, Geraldo. Eu não quero entrar no doutorado aí na FEA. Tenho testemunhas que podem confirmar que, outro dia mesmo, declarei (mais uma vez) que eu quero um lugar que me faça sentir muuuito pequena, no sentido de que precisaria me desenvolver ainda mais para alcançar os outros. Sem isso, não dá. Não tenho motivação.
Contrariando as suposições de Geraldo, disse-lhe que, sobretudo, eu lhe passava aquilo para que ele lesse como uma pessoa comum. Então, ainda com aquele sorriso estranho, quase esbofeteando as folhas do artigo, ele abana a cabeça: "Não, isto não me interessa". Estendo a mão, com um "tudo bem". - "Estava enganada". Para mim, tudo acabaria ali. Mas, para adicionar assombro ao estranho, Geraldo não me dá o artigo e começa sua "crítica".
Lê o resumo rapidamente e dispara: "Isto é um trabalho acadêmico"?
Sem dúvida. Eu agora percebo que deveria ter entrado armada, ou seja, prevenida. Mas você, leitor, com a reles intenção de passar uma cópia de um de seus escritos - que você distribui de boa vontade para as pessoas lerem e pensarem honestamente - teria se armado nesse caso?
Pois. Ainda não havia sacado que Geraldo jogava: "Isto é ideológico? Você quer que as pessoas tomem um partido"? Aceno a cabeça: "Nãooo, Geraldo".
"Isto é um trabalho de filosofia".
"Também não".
"Isto é... um estudo descritivo, não é empírico" - assim ele vai "refinando" sua avaliação grotesca.
"Em história, se há um documento..."
Geraldo me corta. "Empirismo não é isto"! Tenta me explicar o que é empirismo como se eu tivesse três anos de idade: "Sabe quando os astrônomos foram lá com seus telescópios?...[O Brasil é preterido em notoriedade para outro país da África, não tenho certeza se a Nigéria, diante da façanha das equipes de pesquisadores mobilizadas, por ambos os países, para registrar um raro fenômeno astronômico. A Folha dedicou uma página inteira sobre isso há alguns meses.] Isso é empirismo" - afirma ele quase arrebatadoramente.
Bizarro. Conto bem mais de três anos e tenho um título de mestre pela própria FEA, com louvor e distinção.
As panelinhas explicam, em parte, o bizarro comportamento de Geraldo: como meu orientador foi o prof. Mazzon, que não é da panelinha do Geraldo - quando este está na banca examinadora, Mazzon não está -, Geraldo acha que não há problema ético algum em, daquela forma, insinuar que meu título foi um "engano". Geraldo não deve saber que eu fui premiada unanimamente pela ANPAD - Associação dos programas de pós-graduação em administração do país - pela minha dissertação de mestrado.
Leitor, nessa parte do jogo, com o empirismo na berlinda, Geraldo visava "provar" que meu trabalho é mera divagação, se não devaneio. A USP tem especial interesse em me desqualificar, porque, além das irregularidades que marcaram meu curso de doutorado em história social, aponto que os cursos de pós-graduação strito sensu (mestrado e doutorado) nessa área têm como coordenadora uma professora doutora pela USP que acabou me confessando que é "incapaz de escrever coisa alguma". O curso de doutorado em história social tem avaliação máxima - 7 - pela Capes, órgão do Ministério da Educação, que concede bolsas de estudo.
Certamente, meu desempenho acadêmico - qualquer que fosse - não altera o que concerne à incompetência declarada de tal coordenadora. Mas os professores da USP sabem bem disto: manipular o público ignorante e emotivo dá muito certo. E fazem o mesmo com os alunos ou candidatos que "não interessam".
Agora que "voltei a fita" do que aconteceu, ficou claro que Geraldo estava determinado a tomar seu tempo... para "defender" o departamento de história. O Clube em ação. Saber? Conte outra.
Se você, leitor, passar pelo que relato aqui, não é porque você é incompetente ou seu trabalho, ruim. Você tem um problema político na universidade que alardeia seu gigantismo, seu pioneirismo, seu...
Eufemismo. Problema político envolve, sim, perseguições por causa de temas de pesquisa. Pode ser decorrente de brilhantismo intelectual "além da conta". Surge por causa de professor doutor que assedia aluna a ponto de propor casamento mas... no dia seguinte não é mais nada daquilo. Essas três coisas podem estar juntas! Muito azar? Não acho. Azar, avalio, é passar a vida inteira preso a uma instituição tão, digamos assim, ambígua, deixar de ser padre ou mesmo jardineiro, para acabar manipulando meros iludidos com a difusão do saber! Seja como for, a questão política é determinante de sua carreira supostamente acadêmica. Não, aqui não é a Dinamarca tropical...
Defender o departamento de história era repetir o que eles me fizeram lá. Geraldo não sabia exatamente o que aconteceu. Mas não precisava. O jogo é o mesmo. Lembram-se do parecer que me negou a bolsa de estudos? Geraldo repetiu a fórmula. Começou exatamente do mesmo jeito que tal parecer. Há um roteiro secreto - no sentido de que o público o ignora - de como, sem sequer despender tempo lendo o artigo ou o projeto - arrasar com a estima do candidato, deixá-lo furioso e fazê-lo sair batendo pé. Contudo, eu não protagonizei nenhuma dessas reações, diante das ocorrências no departamento de história. E disso Geraldo também não sabia.
Prof. Camponar entra ofegante na sala. Pede para Geraldo ir com ele imediatamente até a secretaria. Geraldo, mais estranhezas, não liga... Diz um sim para Campomar, mas isso teve efeito de nada. Para alguém que acabara de declarar que o artigo não lhe interessava...
Agora sou capaz de considerar que Campomar pode ter - com nota dez - encenado tudo, a respiração ofegante inclusive, para parar com o que ele poderia já estar testemunhando, pelos sons que tomavam a sala, há algum tempo. Mas não funcionou e Geraldo prosseguiu.
Antes de, passados bem, bem mais do que dois minutos, eu interromper Geraldo agradecendo-lhe, dizendo gentilmente que precisava sair, e lembrando-lhe de que Campomar o esperava, aprendera mais um pouco sobre a USP, para também perceber que tal aprendizado poderia ser muito útil para uma porção de gente que sofre, se deprime, se rebela com o Jogo dos Professores da USP.
Há exceções. A prof. Tania Casado é uma delas. Ela foi minha colega no mestrado. Conhece muito bem o jogo dos professores. E teve a boa estrela para seguir em frente, sendo ela mesma. Há outras exceções.
Mas exceções não fazem verão.
O que aprendi com Geraldo? Primeiro, que ele estudou para padre. Ih! exclamei. "Sustos pela frente... Eu não sabia"... respondo ainda bem humorada, plenamente ciente do que o conteúdo de meu artigo pode suscitar.
Geraldo logo diria, desdenhando, que Campomar também não tinha ido adiante com meu artigo.
"Para mim, ele disse algo totalmente diferente" - rebato.
Geraldo não olha para mim. Cabeça baixa. "Não sei o que Campomar disse para você".
"Ele me elogiou".
Ele continua com os olhos escondidos.
"Ele não disse que não gostou" - Geraldo derrapa.
"Ele fez um elogio rasgado" - esclareço.
"Só falei dois minutos com ele sobre o artigo" - Geraldo recua.
Geraldo retoma o roteiro: título e resumo bastam para arruinar o candidato. Eu não era candidata a nada ali, mas ele pensava que eu era. E por isso jogava.
"O que é um resumo"? Ele propõe eloquentemente.
Observo apenas. Levanto as sobrancelhas. Escuto. Ele gesticula muito e, após oferecer uma resposta simplória para sua própria pergunta, declara que meu resumo não dá nenhuma ideia para o leitor. Levanto novamente as sobrancelhas. Escuto.
Gente, essa reação é a melhor possível na situação. Deixe o professor falar, falar e falar. Até porque, se você responder o que ele não quer ouvir, ele vai cortar (interromper) você. Geraldo recorreu a essa artimanha várias vezes.
Ele se repetia e gesticulava exageradamente. O resumo não dizia nada, não era acadêmico, não havia objetivos. Nada disso é dito com boa intenção, gente. É jogo. Então, fiquem quietos diante dessa parte da encenação. Quando o professor parar quase cansado, diga com suavidade e firmeza: "Não concordo". Isso basta nesta altura da partida.
Como eu não me abalara com o teatro de Geraldo, que não desgrudava do resumo ante um artigo de trinta páginas, uma pergunta mais desafiadoramente formulada então veio, com tom de impaciência: "Aponte, a-pon-te no resumo onde está o objetivo".
Não se intimide com o teatro, leitor.
Peço-lhe o papel, dizendo que não sabia o texto de cor. Então, li com segurança uma parte do resumo.
Geraldo para. Eu, sobrancelhas levantadas, fito-lhe como se perguntasse: "Então"?
Sem perceber, eu estava esgotando o professor. Não percebi isso na hora porque eu não jogava. Eu era autêntica; era meu "Adulto" que estava ali. E, também por isso, não me abalei emocionalmente. É isso que vocês têm de aprender na vida, o quanto antes - a se manterem no Adulto.
A maioria das pessoas joga.
Um professor que faz isso diante de um trabalho não merece mais crédito algum. Um professor pode ter todos os defeitos. O pior deles é precisamente este: falta de caráter na situação em questão, ou seja, diante de uma pessoa que procura uma crítica honesta.
Atendo-se ao pífio roteiro, diante de minha reação Geraldo vai rapidamente esgotando suas opções. O roteiro é mesmo medíocre. Mas quem joga está convencido de que "ganhará a partida" só com a mediocridade. Porque é isso que acontece quase sempre.
Geraldo começa a apelar mais visivelmente: "Você não quer receber críticas". Mera acusação de quem esgota seu jogo. Gente, tive presença de espírito para responder: "Crítica sim, eu quero. Esculhambação, não".
Geraldo joga com palavras - este é outro truque. "Isto aqui não está completo - está escrito parcial aqui". Ele agora recorre às linhas abaixo do título e antes do resumo.
"Não há a tese"?
"Irrelevante, professor. Aí estão resultados de pesquisa. Não estão todos os resultados aí. Por isso, o parcial".
"Mas aqui diz pesquisa para, pa-ra tese. Se não há a tese"...
Pego a folha. Releio a pequena sentença abaixo do título e respondo: "Professor, aqui diz que os resultados apresentados decorrem de pesquisa. A pesquisa era para tese de doutorado. Mas, com tese ou sem tese, a pesquisa foi feita e há um primeiro artigo, com alguns dos resultados obtidos".
Gente, a alternativa para a hipótese de que Geraldo não jogava é a de que ele não sabia ler uma sentença bem simples. Claro, ele jogava. E lia... de má vontade, porque não queria me oferecer nada de positivo ali. Muito pelo contrário.
"Se é para ter uma tese, vou ler de um jeito. Se não for para tese, vou ler de outro" - Geraldo tenta se dar bem.
O melhor a fazer? Erga as sobrancelhas de novo. E acione o gravador - o professor não escreverá isso de jeito nenhum, assinando embaixo. De fato, logo Geraldo tropeçaria em si mesmo...
Como reitero adiante, Geraldo acabaria declarando que a sentença que ele então usava para nutrir seu jogo "é desnecessária". O tropeço: se ele afirma que lê o artigo de uma maneira se a pesquisa é "para tese", e de outra, se "não é", a informação que ofereço abaixo do título é fundamental para ele. Ao declarar contraditoriamente, mais tarde, que tal sentença é desnecessária, o professor "entrega" seu blefe.
O parecer do departamento de história, lembram?, ninguém assumiu a autoria. Portanto, não percam a cabeça, não chorem, não batam pé. No máximo, lamentem que a USP esteja totalmente podre; só não cai do galho porque não tem como cair - todos que dela tiram vantagem a escoram. Uma pena - se caísse, talvez houvesse a chance de se reerguer.
Depois que rebati com propriedade, demonstrando que não havia nenhum problema com aquela simples sentença abaixo do título... Geraldo me deu crédito? Claro que não! Fique consciente de mais este truque, caro leitor. O professor, então, vai... dizer para você jogar aquilo fora. Está perfeito assim? Pois bem; com prazer declaro que você perdeu seu tempo - "é desnecessário". Foi isso mesmo que Geraldo fez. "Isto é desnecessário, está demais" - diz ele. E repete. Para que a "vítima" se descontrole. Além de não perder o controle, leitor, você precisa se aprimorar em concentração e sagacidade para perceber que, então, Geraldo se contradizia, conforme já mostrei antes. Reiterando: Geraldo afirmara, antes de decretar a inutilidade de tal sentença, que ele lia "de um jeito, se a pesquisa era para tese, e de outro, se não era". Como ele decidiria como ler, se isso não estivesse declarado? E isto está declarado precisamente na sentença que ele agora condenava como "desnecessária".
O que fazer diante disso? Bem, acho que aí cabe um deboche. Muito sutil. Mas é preciso mais tarimba ainda para reagir assim.
E muito mais tarimba ainda para, mantendo-se imbuído do verdadeiro espírito cientifíco - que é também sereno, muito observador, emocionalmente equilibrado e honesto -, ponderar que Geraldo tanto encenou para decretar a sentença "desnecessária" porque ela menciona meu doutorado na USP, por mais de quatro anos, que a universidade também decretou - pura e simplesmente por razões ideológicas ou políticas - "desnecessário", desrespeitando assim a lei e princípios do Direito Administrativo que, vocês não sabiam?, também se aplicam à USP. Melhor dizendo, se aplicam mas são desrespeitados, e o método de empurrar a violação para debaixo do tapete é que é "princípio" amplamente aplicado.
Também é crucial observar que Geraldo não saiu de coisas banais. Você tem de aprender a perceber isso, para preservar sua lucidez, sua saúde e os frutos de seu talento.
"Demonstrar.. De-mons-trar" - aponta novamente ele, com eloquencia, para o resumo (ainda).
Pois. Demonstrar é um verbo que remete a mais um objetivo que consta do resumo, resumo que ele acabara de dizer que não apresentava objetivo algum. Objetivo alcançado, melhor dizendo. Não era uma projeto, como quisera Geraldo, mas um artigo acabado.
"Demonstrar é algo preciso" - ele enrola.
Dica: responda oh, sim! sim! com leve toque de deboche. Mostre segurança - você sabe o que demonstrar quer dizer!
Geraldo apela - olhos ainda escondidos dos meus. A última cartada - e ela é sempre esta: "Isto não é muito pretensioso"? Ou seja, "demonstrar" é pretensioso num artigo acadêmico. Na USP que o público não conhece, "demonstrar" não é científico, não é permitido. É pretensão, é esnobismo. Pois.
Ciência de ponta (deboche): enquanto o professor acusa você de ser "ideológico", ele dá um show de pura manipulação. Portanto, repito, não se deixe intimidar.
Por ter mantido o controle, respondi diante da acusação de ser pretensiosa: "Eu não faço teses como vocês aqui. Se está escrito que eu demonstro, eu de fato dem..." Geraldo me corta.
Uau! Você disse isso?
Sim. E saiu com naturalidade. Notem a regra: Geraldo me cortou novamente.
Antes de "implicar" com o termo demonstrar - para assim puramente me provocar -, Geraldo pinçara o termo inferência, ambos no... resumo (ainda): "O que é inferência"? - o professor perguntara com voz intimidadora. Outra banalidade.
Faça como eu, leitor. Não responda. É o melhor a fazer neste ponto de evidente falta de opções do "torturador". "Você usa inferência no senso comum"?? - ele emenda. Que coisa, não? Só faltava ele perguntar se eu usava a palavra carta no senso comum, ou qualquer outra palavra do resumo, que... estaria resumo empregado no senso comum, o que significaria, no roteiro do "professor", que meu trabalho é um lixo? Leitor, cuidado, muito cuidado. Enfrentar tais contatos com professores tão sábios (ironia vale) é extremamente destrutivo. Será que demonstrei - no sentido preciso do termo! - esse desastroso efeito o suficiente aqui?
Resta patente a falta de argumentos e mesmo de tirocínio. Puro jogo. Não há diferença relevante entre senso comum e o emprego científico no caso de inferência. Recurso nojento - e destrutivo - da parte do professor-jogador-torturador.
Outro indicador de que meu texto é bom: Geraldo larga o resumo - finalmente - e avança sobre o, atira-se mesmo no, texto.
"Não adianta ler assim" - digo.
Ele continua a ler. E, por fim, volta para o resumo! Ou seja, não encontrou nada no texto para continuar a jogar.
O título. O título, apelara Geraldo, também não diz nada. Não é de um trabalho acadêmico, ele insiste.
"Critíca textual é o método"... Ele me corta, de novo. O jogo continuava como antes. Método é coisa de trabalho científico. O professor simplesmente não me deixa falar.
Lembro agora que eu, ainda de pé, pouco depois de ter entrado na sala dele, disse:
"Acho que vale a pena ler, porque você não vai encontrar nada parecido". Mas retoco: "Se encontrar, por favor me diga".
Apesar disso, Geraldo - antes de ficar fissurado no resumo - pergunta: "Você leu sobre os essênios?" - já em tom que sugeria que isso era imprescindível, independentemente do escopo do trabalho. "Você não fala sobre os manuscritos do mar morto"?!!
Gente, eu afirmara que oferecia algo único, sem nada parecido. Geraldo cita justamente temas âncora... da revista popular Superinteressante.
Diante dessa artimanha em particular, que visa a encenar sua ignorância sobre o tema, leitor, peça ao professor: "Fale-me sobre isso". Você constatará que a resposta dele não dará para preencher mais do que duas linhas.
Vou enviar isto para o prof. Geraldo, e o que ele responder será publicado aqui. Se ele nada responder, vou publicar que ele nada respondeu.
Aproveito para pedir que o prof. Geraldo redija um email com as criticas que ele fez, alegando que "eu não aceito críticas". Como Geraldo não ficou com o artigo, enviarei a reprodução da primeira página, com o título, a sentença e o resumo com base nos quais ele disse tanto sobre "metodologia" e sobre meu artigo. E prevejo: não creio que ele vá reiterar, no email, o que disse, ainda mais que aqui aponto até contradições que, tudo indica, ele mesmo não percebeu.
Com tal jogo, meu artigo estaria frivolamente "condenado", com base em...
Para quem leu o artigo, o drama fica bem mais evidente. Analogamente, foi-me "absolutamente desaconselhada" uma bolsa de estudos.
Assim é que a USP está ameaçadíssima. Professores, seguindo um roteiro sórdido, manipulam o candidato, o aluno que se exponha de boa vontade a eles, acusando: "Você defende um partido, é ideológico"!
Ora, ora... eles é que aprovam - e reprovam escusamente - com base em partidos, desdenhando a ciência.
Os que fazem o jogo vergonhoso dessa academia - estes estão aprovados.
"Muito obrigada, Geraldo". Estendo a mão para pegar o artigo. Ele hesita por um segundo, antes de me devolver o artigo. Campomar estava à porta. Como eu estava de costas para a porta, só vi Camponar quando saí da sala. A expressão dele era de constrangimento. E a minha também, quase certamente.
Mas constrangimento não é o principal sentimento. Desalento pela falta de caráter e de profissionalismo dentro de uma academia - isto é o que prepondera em mim.
Para facilitar o acompanhamento da leitura por vocês, reproduzo abaixo o título, a sentença ("desnecessária" para Geraldo) e o resumo do artigo:
QUE HISTÓRIA É ESSA DE CRISTÃOS? CRÍTICA TEXTUAL DE UMA CONTROVERSA CARTA DA ANTIGUIDADE
Resultado parcial de pesquisa para tese de doutorado em História Social,
Universidade de São Paulo USP, fev. 2005 a abr. 2009
Resumo: Diversos "fatos" chave do cristianismo primitivo derivam mais de tradição do que de evidência. Isso vem acompanhado de alegações de que as evidências são raras ou inexistentes. Este estudo baseia-se em evidência disponível, ignorada pela maioria. Análise textual de uma longa carta a um imperador romano revela o verdadeiro uso antigo do termo cristãos, questiona, entre outras, as atuais proposições sobre perseguição religiosa nos primórdios da cristandade e conduz a inferências mais fundamentadas para se retraçar o desenvolvimento do Santo Império Romano. Demonstramos também que tal desenvolvimento deixou marcas no documento em questão, na forma de inserções ao texto. Até o presente, tais adições não serviram à história tanto quanto a propósitos "piedosos". Nossa contribuição começa a alterar isso.
Much of the discourse all around is power-oriented. Our texts, rather, will be appreciated by those brave enough to leave the good life of obedience in order to grow and take risks for the benefit of a multitude of others. Welcome! PORTUGUÊS acesse "apresentação do blog" abaixo
Tuesday, December 8, 2009
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