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Friday, November 6, 2009
A cópula dos morcegos - distorções na matéria da Folha
Em postagem de 10/11, criticamos a reportagem publicada, em 31 de outubro, na seção Ciência da Folha. Então, eu ainda não havia lido a publicação original da suposta pesquisa com morcegos, mas já apontava que havia indicações de não se tratar de publicação séria.
De fato, a pesquisa mencionada foi publicada no sítio PLoS One - Public Library of Science, um blog recente - cerca de três anos - que já é considerado o maior, em relatos de pesquisas abrangendo todos os campos da ciência. Maior em número de publicações.
A wikipedia informa que os artigos não são rejeitados se não aderirem claramente a um campo do conhecimento, e a importância da pesquisa tampouco é considerada, deixando-se que a "comunidade" discuta e decida sobre esse quesito. Ressaltando, não há a publicação impressa, apenas a versão online.
A leitura de tal artigo (Fellatio by Fruit Bats Prolongs Copulation Time), com base no qual a Folha redigiu sua matéria, levou-me, ainda, a confirmar que o repórter responsável distorceu informações, recorreu a apelo sexual que ele adiciona ao relato do experimento, extrapolando o escopo da pesquisa original, publicada na PLoS One.
Logo na introdução do artigo publicado naquele sítio, é dito que o sexo oral traz benefícios de ordem adaptativa - perpetuação da espécie, p.ex. O repórter da Folha dispara que o macho "gosta" da felação.
O repórter ainda erra ao afirmar que:
a) "as fêmeas são adeptas do sexo oral - caso muito raro em espécies que não a humana".
O que o artigo encontrado na PLoS One diz é que o "sexo oral foi raramente registrado em outras espécies" - e que, no caso dos morcegos, o difícil acesso a eles é um dos fatores da falta de tais registros, o que é diferente de se afirmar que o sexo oral "é raro". O próprio repórter, parágrafos adiante, escreve que "mais do que isso [sobre o comportamento dos morcegos] era difícil investigar, até porque os hábitos dos bichos, normalmente noturnos e tímidos, não ajudavam muito".
b) "a função do comportamento não está clara".
O artigo original logo afirma - na introdução - que a função é adaptativa:
Here we provide evidence that oral sex by females on males (fellatio) is routine during copulation in short-nosed fruit bats Cynopterus sphinx (Chiroptera: Pteropodidae), and we argue that is likely to confer adaptive benefits.
Traduzindo: Aqui oferecemos evidência de que o sexo oral realizado por fêmeas nos machos (felação) é rotineiro durante a cópula ... [em tal espécie de morcegos] e argumentamos que é provável que confira benefícios para adaptação. (nossa tradução)
O repórter omite isso para temerariamente defender, por sua conta, que os machos "gostam" do sexo oral, "[t]anto que, em experimentos, apareceu uma forte correlação entre o tempo que durava o ato sexual e a frequência da felação". O artigo original jamais atribui essa associação ao "gostar", fruto da mente do repórter da Folha.
c) os machos "formarão seu harém".
O artigo original escreve algo com outro sentido: "a form of resource defense polygamy". Ao encurtar o relato, o repórter introduziu mais um viés.
Guiado por intenções alheias à ciência e ao espírito científico, o jornalista ainda falha por não discernir e apontar o que é de fato inusitado no comportamento relatado, que é o movimento da fêmea de se curvar para alcançar a base do pênis do macho durante a cópula.
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