Tesão e preconceito
Como um dos melhores pesquisadores do mundo, conheço muito bem os truques a que os maus pesquisadores - geralmente os mais bem pagos, se no Brasil - recorrem.
Janine (Renato Janine Ribeiro, ex-diretor da CAPES), você é um exagero nesses truques, no tamanho de seu escrito publicado hoje na Folha (só podia ser...), no machismo, na debilidade de seu arrazoado que pode enganar a muitos. Afinado com o estilo da Folha, você rotula sua pseudotese: "Tesão e direitos humanos".
Janine, de que outro órgão que não a CAPES eu obteria uma bolsa para investigar o que você propõe: a relação entre tesão e direitos humanos?
Janine, você é pessimista quanto à realização de sua recomendação de discussão, porque, você alega, a generalidade dos direitos humanos não toca o âmago das pessoas e, portanto, é mais fácil se ater a tais direitos do que questionar o "monstro" - é assim que você se refere a sexo. Já imagino a tese maravilhosa que Marta Suplicy está elaborando (ou já elaborou) em resposta.
Janine, é sexo o "monstro" ou são as centenas de homens e mulheres que protagonizaram o... a... não encontro o termo... Não seriam tais estudantes, de ambos os sexos, os monstros?
Sim, Janine, você e seus truques. Para trazer o sexo para o centro, você teve de fazer de conta que Geisy não foi atacada também por mulheres - não estou informada a ponto de afirmar se as mulheres eram a maioria naquela turba ou não. Tenho forte intuição de que não seriam bem menos em quantidade do que os homens.
Janine, você é de um machismo retardante ao ressaltar o que um homem sente diante de uma mulher bonita, como se as mulheres não sentissem desejo correlato. Sua tese bem paga precisou recorrer também a esse machismo.
Janine, sei bem o que é ser mulher bonita e as "respostas" a isso. Conto com décadas de muita, muita experiência. Tanto sei que é de todo inconcebível incluir no rol de tais respostas xingamento e mais por centenas de pessoas. Para demolir sua pseudotese ante a várias pessoas sonolentas que devem ter tentado lê-la, repito que é isto o que você propõe: a reação irada de centenas de homens e mulheres estaria fortemente relacionada ao sexo-monstro, ao desejo suscitado por uma mulher bonita que "gosta de se exibir".
Diante disso, sua calculada alusão a nomes de peso - outro truque - como Kant, Norbert Elias, etc. perde a força que considero "monstruosa" em teses pobres mas enganosas como a sua.
Ao falarmos sobre "id" estaríamos mesmo atingindo o âmago das pessoas? Ora, você mesmo afirma que Geisy não deve mais saber o que queria, tampouco os estudantes (os homens) agora expostos na mídia. E nem mesmo Freud saberia, você acrescenta.
Você conta com pelo menos uma adepta, uma psicanalista que escreveu um texto muitíssimo menor do que o seu logo que o caso se deu. Prontamente rebati também tal análise estranha, que ora batizo de gênero "império dos sentidos".
Não, ninguém vai mesmo discutir a "id". Especialmente na Folha, que totalmente amordaçou todos os que teriam se levantado a repudiar o artigo de Ferreira Gullar, colunista desse jornal, que, em tese tão perigosa quanto a sua, defende a pedofilia, propondo: "se o sujeito nasceu pedófilo, por que sua preferência sexual é considerada crime?" Pois. Foi publicado em 24 de fevereiro de 2008, outro dia portanto.
Como Gullar, que pretende assim inocentar o pedófilo, sua ardilosa pseudotese sobre o "monstro" difícil de controlar não quer, de fato, trazer o âmago do sujeito para o foco, mas justamente o oposto. O sujeito é acobertado pelo "monstro" - tão fugidio que nem Freud explicaria.
Vergonha. Um quase desespero exala de toda e qualquer mente lúcida, porque revolta já é muito pouco. Filosofias baratas, citações de filósofos distorcidas, defesas - "de leve" - da Uniban: você não deixa de declarar que os cursos por ela oferecidos de mestrado e doutorado estavam progredindo. Assim, fica claro o porquê da artimanha de trazer o "monstro" para o centro.
Janine, não vou deixar de bater mais, porque Geisy não foi poupada nem um pouco. Isso deve lhe dar uma ideia do que é estar no centro e ser atacado - no seu caso sim é bem merecido, pelas características de seu escrito que aponto. No caso de Geisy, só um monstro-pseudohumano bate, bate e bate sem parar, sem razão alguma. Sem razão alguma. Sem razão alguma. Caiu a ficha?
Por que desprezar a civilização, Janine? Para defender uma universidade? Defender sua débil personalidade masculina? Um homem que mistura desejo e violência tem que tipo de personalidade?
O Estado de S.Paulo, na capa do caderno Aliás! traz algo bem mais inteligente, honesto e consistente: "Saudações universitárias". A primeira foto é do caso Uniban, com esta legenda: Cerco a Geisy Arruda - explosão de histeria e intolerância.
Este é o foco, Janine.
Janine, vou arrematar o fim deste, que não precisa recorrer ao truque da extensão, ou a qualquer outro. Você não vai responder a isto, estou certa. E essa não-resposta já bastará.
Sua pseudotese, acrescida de tudo, tudo que vem sendo comentado, feito, desfeito me leva a perseguir uma tese, em que eu sou vítima. Vou fazê-lo para, definitivamente, impedir que se torne a distorcer o caso dos monstros que compõem nossa sociedade - esse deve ser o foco, não o sexo, o vestido (que não é micro), a Geisy. Essa sociedade inclui os autores de teses como a sua.
Quanto ela vale? Zero, Janine, zero.
Para ler o artigo de Janine:
http://mariangelapedro.blogspot.com/2009/11/uniban-artigo-de-ex-da-capes-recorre-ao.html