Fiquei extremamente surpresa agora, ao descobrir, navegando pelo site do CNPQ, que o "ouvidor" que tratou de minha denúncia é justamente... o presidente da Comissão de Ética do CNPq. Eis uma parte da pagina do site do CNPq, na qual está tal informação:
A Comissão de Ética do CNPq
É assim constituída a Comissão pelos seguintes membros titulares e suplentes, e seus respectivos períodos de mandato:
a) Titulares:
Tarcíso José de Lima
tarciso@cnpq.br - tel. 061-21089244- (presidente) - 01/06/07 a 31/05/10;
Cristina Maria Menezes dos Reis
crisreis@cnpq.br- tel. 21089077 - 01/06/07 a 31/05/09;
Roberto Muniz Barretto de Carvalho
muniz@cnpq.br - tel. 2108-9472 - 01/06/08 a 31/05/2011.
Dá para continuar a falar de Esperança? Deus!
...
Decidi o que fazer: vou encaminhar minha opinião sobre o tratamento que minha denúncia recebeu para o email de Tarciso (acima), ressaltando sua posição de presidente justamente daquela Comissão.
Postarei minha mensagem aqui, após enviá-la ao seu destinatário. Aguardem.
Pronto! Desta vez, cumpro pontualmente o prometido! Só que a mensagem foi para o endereço da comissão (que eu encontraria mais tarde), e não para o do seu presidente.
À
Comissão de Ética do
CNPq - Brasília (DF)
comissaodeetica@cnpq.br
1. Ao tomar ciência, através de busca realizada por mim, de que minha denúncia do dia 17 último foi tratada pelo líder dessa Comissão de Ética do CNPq, que antes se identificara, nas mensagens a mim, apenas como "ouvidor", julguei que seria ainda mais apropriada uma contestação a tal tratamento.
2. Tarciso Jose de Lima escreveu, no dia 23, que "a inexistência do registro da orientação do seu doutorado no item específico do Curriculo Lattes do Prof. Peter Robert Demant, [sic - vírgula imprópria] não constitui por si só uma violação das normas de conduta. "
3. Tal é estarrecedor, justamente do ponto de vista da ética, por ter eu, em minha denúncia, detalhado ações planejadas para acobertar irregularidades na condução de um conceituado programa de doutorado, sendo a ausência de tal registro, acompanhada de uma "coincidente" (antiética) atualização recente do Lattes, uma daquelas ações.
4. Apesar da detalhada descrição que enviei a Tarciso, ele, em resposta final, se restringiu a citar a "inexistência de registro... em si", como se nada além disso tivesse lhe sido comunicado por mim. Como se a referida inexistência fosse mero descuido, esquecimento, falta de tempo, enfim, qualquer outra coisa que não a conduta ardilosa que eu relatara e inserira num contexto amplo que demandaria, de uma comissão de ética não espúria, imediata iniciativa saneadora, e não escapista.
5. Na sexta, 24, enfaticamente provoquei a consciência de Tarciso, ainda sem saber que ele é o presidente dessa Comissão de Ética. Eu indago, veementemente, em réplica à "solução" dele:
Será que vocês ainda não veem problema algum?
Não tive resposta, o que não me chamou a atenção. Mas, agora, desponta o silêncio do presidente dessa Comissão de Ética, de um órgão ministerial dedicado à promoção da pesquisa!
Quem? Ora, não me ocorre quem seria mais responsável por cuidar do que denunciei, ainda mais que ainda informo a Tarciso, na sexta-feira, que a Pró-Reitoria da USP se manteve inerte.
Quem pode "dormir com um barulho desses"? Com um tremendo barulho, abafado agora por quem detém a incumbência de tomar providências na alçada ministerial?
O que, cada entre nós, esperar de tanta farsa? Uma aposentaria plena está bom? Depois de consumir, durante anos, bolsas e salários (recursos públicos), em função de cursos conceituados ao disfarçado sabor de mordaças à excelência, o que já nada mais significa de fato após tão-somente uma geração viciada em hipocrisia?
Tarciso, atuando uma naturalidade no fundo acintosa perante a Ética, quer mais do que insinuar, em sua resposta, que esta denunciante é tola: afinal, se você mesma afirma que não houve orientação pelo professor, está reclamando do que? Citando seu presidente:
Cabe acrescentar, ainda , que Vossa Senhoria deixa evidenciar em sua manifestação, [sic] não houve, de fato, a orientação devida por parte do citado Professor.
Distorção da denúncia, claríssima. E colocada debaixo da porta certa.
Veja, Tarciso, a que ponto chegamos. O totalmente inaceitável vira "normal", e torna-se incapaz de provocar uma ínfima ruga que seja.
Apesar de ter incluído o acima na minha resposta ao pedido de esclarecimentos de seu presidente, ele próprio, em seguida, se mostraria impassível como se tudo fosse normal, fazendo apenas uma suave recomendação diante do que ele não mais se referiu como "denúncia" (como fizera na primeira comunicação a mim), mas apenas como "considerações" tecidas por mim, que - dependendo de uma iniciativa minha de acatar sua recomendação - seriam avaliadas pela Pró-Reitoria - como se eu é que fosse a ré:
Em assim sendo, recomendamos que Vossa Senhoria se dirige [sic] à Pro-reitoria de Pós Graduação da Universidade de São Paulo a fim de que, diante das regras estabelecidas nessa Instituição de Ensino, sejam avaliadas as considerações apresentadas.
Tarciso José de Lima
Ouvidor do CNPq
Seriam tais regras da USP tão úteis como as da Plataforma Lattes para - através da sagaz lida de seus próprios guardiães - apontar "tolos" denunciantes, conforme me ensinou seu presidente, ao se referir ao Lattes no tratamento de minha denúncia?
Que minha denúncia seja tratada por um Auditor. Então, mesmo temendo ser acusada de plágio, diria, Tarciso, com toda a convicção, que há uma Esperança.
Foi nesses termos que encerrei a comunicação adicional, de 22/4, ensejada pelo pedido de esclarecimentos de seu presidente.
Agora me sinto eu mesma uma tola, por ter acalentado a expectativa de uma auditoria séria, e acabar com uma árdua indagação na mente:
É tal covardia e corrupção que devemos passar para nossos filhos, nossos alunos, enfim, para a geração que se "prepara" para agir no mundo?
Descobri que essa comissão de ética não está apta a responder.
Não. não resta esperança.
27 de abril de 2009
Para ler as comunicações trocadas entre mim e Tarciso, mencionadas acima, clique no link 27Abr e continue rolando a página, após o término desta postagem, para encontrar "Como o CNPq tratou minha denúncia alusiva ao meu doutorado na USP".