Thursday, March 12, 2009

Menos uma vida

Ontem, por volta das onze da noite, o estacionamento do Centro de Esportes da USP - o CEPE - já estava vazio. Chovia e tranquilamente, como de costume, tomei a área de circulação principal do estacionamento em direção à Faculdade de Educação. Logo o ronco de um carro quebrou o silêncio. Olhei por cima de meu ombro e vi um carro veloz na minha direção, sem sinal de que iria reduzir a velocidade.

Foi um susto. Precipitei-me para o canteiro - não há calçada - e o carro, após passar por mim, para. Foi então que vi a placa e a cor do veículo. Parecia um Ká. Entra então à direita, numa das "quadras" do estacionamento, vai, ainda veloz, até o fim, faz um "U" e para. Continuei caminhando e observando o veículo. Então, estava bem perto da Faculdade de Educação e vi que havia, na rua perpendicular, outro carro e o motorista, dentro dele, limpava o para-brisa com os farois ligados. Já estava prevenida, claro. O estranho é que o carro não saiu e apagou os faróis. (Ora, então, para que limpar os vidros?) Continuei caminhando, agora me mantendo na calçada, porque havia uma. Atravessei a primeira pista da Avenida da Universidade e decidi relatar o ocorrido à Guarda Universitária que, como de costume, estava ali, com um carro próprio, no calçamento central, na altura dos pontos de ônibus.

- Boa Noite. Tentaram me atropelar agora, ali, no estacionamento do CEPE - digo com toda a calma. O guardinha, sentado, um colega ao lado, que não consegui ver, me olha. E só. Não diz nada.
- O senhor não diz nada?
- É. É um problema. A toda hora avançam o vermelho.
Ele me olha para ver minha reação. Eu o estou encarando.
- É. Bebida, saem de qualquer jeito.
- Ele vinha no sentido contrário à saída.
O guarda me encara com aquela nojenta cara de bunda.
-Não era aluno? - como se aluno pudesse fazer aquilo.
- Não sei - respondo.
Não, ele não se moveu. Não saiu sequer do carro.
- Anotou a placa, alguma coisa?
- Sim, anotei a placa.
- Ele ainda está lá.
- Agora não sei.
Como eu continuava ali, o besta ainda diz:
- Bem, vamos anotar a placa, quem sabe a gente vê por aí.

Acredite. Este foi exatamente o diálogo que se deu. Depois que ele disse isso, eu me afastei para atravessar a outra pista e me voltei para ver a placa do carro da Guarda. Tomei o primeiro ônibus que apareceu.

Você sabe, amiguinho, quem paga o salário desses inúteis, não sabe? Você. Ele é um funcionário público.

Não vou fazer mais nada em relação ao ocorrido. Até porque não iria conseguir sequer registrar isso. Vocês não têm ideia de como a Guarda age para eliminar os registros - ou os registros fiéis -de crimes no campus.

O dinheiro dos impostos que você paga, paga mais essa turma que me dá nojo.

Claro, não vou mais sair assim tarde do CEPE.

Em criança, ouvi muito que a gente tem sete vidas, como os gatos. Bem, ontem foi-se uma delas.

Em outra postagem, vou atualizar vocês sobre o que a gangue do departamento de história anda fazendo com relação ao meu doutorado.

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