Monday, March 23, 2009

Jean Charles de Menezes - morte por policiais britânicos lembrada em canção

Os Pet Shop Boys lançaram um "single" com a canção mais controversa da história, segundo alguns, no lado B (a origem do termo remete ao tempo dos discos, referindo-se à faixa que seria menos importante).

A controvérsia é por conta da terceira estrofe da letra - os comentários dão a impressão de que toda a canção é sobre o mesmo evento, mas isso não é verdade.

"Policiais matam alguém a tiros" é o desenlace da sequência que reproduz, nos versos daquela terceira estrofe, o que Jean Charles de Menezes, 27, brasileiro residente em Londres, fez antes de levar sete tiros na cabeça, desferidos por policiais à paisana, dentro de um trem do Tube (metrô londrino):

Got the bus to the station
Music playing in my head
Ran to get on the Tube train
Police shoot someone dead

A canção - We're all criminals now -, lado B do single "Love etc.", pode ser ouvida integralmente no You Tube, que também oferece uma exibição com a tradução de toda a canção para o português.

O foco da composição da dupla é a violação de liberdades civis: a constante vigilância com câmeras, sujeição a revistas, enfim, o receber tratamento como se fôssemos criminosos, de antemão. O ritmo é rápido, alegre, mas ele muda para o oposto quando chega ao verso "Police shoot someone dead", o que remete inequivocamente ao assassinato de Menezes em 2005, porque a canção, em verso anterior, alude à estação de Stockwell, na qual o estranho fim de Menezes se deu.

Ninguém foi responsabilizado, e a estranheza começa por questões muito ventiladas que restaram sem resposta, como: por que os policiais esperaram o que tomaram como um suposto homem-bomba entrar num trem, para só então atirar? A alegação de que Menezes foi confundido com um asiático que seria terrorista se manteve, mas, até onde sei, jamais se mostrou sequer uma foto de tal terrorista, para se verificar se havia semelhança entre ele e o brasileiro exterminado. O assassinato ocorreu cerca de quinze dias após os atentados terroristas de julho de 2005, mas a menção a isso pode não passar de uma associação espúria entre os fatos.

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