Wednesday, November 18, 2009

Tesão-pondé para mentes-cliché. Mais uma resposta a Pondé. Agora, sexo; não Deus.

Luiz Felipe Pondé é colunista da Folha - seus escritos saem às segundas-feiras. Já publiquei um comentário sobre um desses sofríveis textos, que, aliás, é a postagem minha que o Google escolhe estampar quando alguém busca meu blog pelo endereço mais genérico. Pondé é professor da PUC, ou era, além de teólogo cristão que, segundo ele mesmo, passa no Dia do Perdão judaico na sinagoga.

Ele escreve muito mal. Suas ideias jamais são bem encadeadas. Solta daqui para lá. Volta. É sem criatividade. Sobretudo, Pondé oscila; diz e desdiz: Claro que não sou contra... mas... Claro que o feminismo é necessário, mas... Não sou isso, nem aquilo; eles não são assim, nem assado. E, nesse vai-e-vem, ele revela sempre algo mofado, com sabor de filosofia - barata, mas que, para a maioria, é "muito bom". O último texto dele, publicado nesta segunda, me fez novamente dar uma resposta a ele, de tão farto em coisas deselogiosas. Título: As razões do sexo.

Antes de minha resposta a ele, vou apresentar opiniões de outros sobre os textos de Pondé.

Eis a primeira: "Um dos melhores textos do professor em sua coluna. Leitura obrigatória". Refere-se a "Uivando para a lua", publicado na Folha em primeiro de junho. O comentário, subentende-se, é do dono do sítio "inter-esse", Gabriel Ferreira, mestre em filosofia, segundo a referida página.http://www.gabrielferreira.com.br/index.php/about/

Naquele sítio você encontra o "Uivando..." na íntegra. Selecionei um dos trechos , que contém algo que minhas pesquisas levam a retificar (em vermelho):

Um dos exemplos da visão adolescente nesse caso é achar que o cristianismo destruiu uma religião (das bruxas celtas) que vivia em paz com o mundo. Não existe religião na história que não tenha tido seu quinhão de sordidez, mas "crianças" não entendem isso. Segundo algumas fontes romanas (não cristãs), há suspeita de que alguns dos cultos "celtas" praticavam sacrifícios humanos, o que para os romanos era um pouco fora dos limites. Os romanos eram conhecidos por sua tolerância religiosa (Roma não foi um desfile de Neros), se eles destruíram alguns desses cultos, é porque coisa boa não era.

Como se vê, Pondé confunde, quase certamente de propósito, "cristianismo" e "romanos". Primeiro ele associa o cristianismo à destruição das bruxas. Depois, diz que "eles" (os romanos) foram os que destruíram o culto das bruxas, porque "boa coisa não era". Praticamente ninguém lê um texto identificando tais confusões, inconsistências. Se tais bruxas foram destruídas, não sei. Não sei nada sobre elas, especificamente. Mas os sacrifícios - e humanos - eram praticados, e não só por tais bruxas. Documentos atestam: esses sacrifícios foram defendidos por filósofos ditos "cristãos", como Tertullian. Pontos da história do cristianismo que "não interessa"...

Outra opinião; esta espelha a minha própria:

Resposta ao artigo “A Carne Ética” de Luiz Felipe Pondé (Folha de São Paulo)
15 de outubro de 2009:
O filósofo articulista Luiz Felipe Pondé ainda faz parte de um grupo humano alienado, cuja insensibilidade grudada na falta de informação, com palavras pautadas no micro, escreve sem a seriedade necessária à realidade do século XXI. Interessante um veículo consagrado como a Folha de S. Paulo permitir opiniões de nível tão baixo e de veracidade tão duvidosa. Certas “filosofias baratas”, Folha, deveriam ser substituídas por conteúdos mais relevantes e atualizados!...

Alexandre Pimentel, naturopata , palestrante e consultor
Para ler todo o comentário, visite http://www.anda.jor.br/?p=25561

Isso em mente, partamos para minha resposta a "As razões do sexo". Em vez de uma crítica propriamente dita, tive a ideia de escrever algo que se reportasse ao texto de Pondé, mas que não se limitasse ao formato e próposito de avaliação daquele texto. Certamente, contudo, minha resposta a ele está aqui:


Tesão-pondé: a maioria das mulheres atura

Terminava de ler o caderno Ilustrada. A última página trazia um artigo, com um desenho colorido de pernas femininas "insinuantes", em meias-calças, e de ponta-cabeça. A chamada do texto era:


Entre as pernas de uma mulher
suspensas no ar, apenas
boas emoções
nos esperam

Ao meu lado, ali no avião, estava uma mulher mais jovem; torcia o nariz quando olhei para ela. Pedi-lhe desculpas pela tremenda estupidez daquilo. "Foi você quem escreveu"?

Não, esclareci, movendo a cabeça. Não gosto desse colunista. Sempre escreve bobagem. Escute esta: "... quando estamos interessados numa mulher, sempre ficamos um tanto idiotas. Pela sua beleza, por seu charme, seu mistério e, acima de tudo, suas pernas". Acho que é para que se lembrem das pernas da Geisy. Que idiota!, exclamo. E acrescento: Não é só quando estão interessados numa mulher - eles são sempre idiotas, não?

Ela mostra um sorriso insosso. Sabia que esse cara é teólogo? Não tem nenhuma criatividade. Veja: exercício contínuo da transcendência que marca a condição heterossexual... Os homos também não gostarão do texto.

Posso ler?
Tem certeza? Quer mesmo?

Passo o jornal para ela. E faço planos. Quarta-feira: entrada reduzida no cinema. Quando chegarmos a São Paulo, vou ver, de novo, MJ. Talvez seja bom ir a outro cinema: o que o pessoal não vai dizer? Aquela mulher vai assistir ao filme de Michael Jackson de novo?

Será a sétima vez. Afinal, o que mais me fascina no filme?, pergunto-me.

Uns colegas ainda estranham: "Você foi ao cinema sozinha"? Não estão se insinuando, não. Estranham mesmo. Claro, tenho uns amigos de bem com a vida, não ressentidos, que veem como muito salutar a recusa de algumas mulheres a transar com os idiotas. Eles acham válidos meus argumentos de que uma mente-cliché está associada a tesão-pondé: a mulher sai desapontada - ou é broxada, ou é ejaculação precoce. Se o cara é jovem, o praticamente certo é o sexo alucinado, mas do tipo tô-com-uma-coceira-danada.

Afasto esses pensamentos desanimadores e volto para minha pergunta. Olhos fechados, para me concentrar. Faço vir as imagens do filme; os dançarinos, os movimentos, a magreza de MJ - homem magro assim sempre me excitou, se tem "aquilo vindo de dentro", como diz a treinadora dos dançarinos.
Já sinto a resposta...
Hum...
Agora... vou até o banheiro?
Haveria alguém... Olho ao redor. Não; nada promissor, como de costume. Só caras com a aparéncia previsível, acima do peso... Aquele ali, talvez... chi! olhe a barriga!
Fecho os olhos novamente. Decido não me levantar e deixar o tesão crescer, ali mesmo.
Vejo aqueles movimentos, a mão na frente, como controlam o corpo, como são leves, afoitos e, ao mesmo tempo, imprevisíveis, precisos... Tudo de bom está rolando nos meus fios condutores. Coração em festa quase de arromba. Bom que a mulher do lado está quieta; aquele artigo descartado; seus olhos estão também fechados, mas sua feição é amuada, bem diferente do que deve estar a minha agora.
Controlo a vontade imperiosa de ser tocada. O sujeito à minha esquerda... nem faz ideia do que rola aqui.
Agora, tenho que desviar mesmo o pensamento, senão...
Que outro filme assistir? Vampiros? Aquela babaquice de romance, em que o dono da verdade nua e crua acaba com cara de idiota, dizendo a idiotice: Não sei como, mas estou apaixonado"? A mulher, merecedora de tal "lisonja máxima", deve preencher estes requisitos: estar sem transar há, pelo menos, onze meses e repudiar a masturbação - eu?? me masturbar? de jeito nenhum.
Sandra Bullock, no Alasca, faz a mesma confissão ao cara deitado no chão, ao lado de sua cama: "Ando muito ocupada" (nada de sexo no último ano).
Concluo que o mofo se instalou mesmo nos circuitos cerebrais masculinos, e não só nos nacionais. Além da gordura no abdome. E o mau hálito? Não há tesão que resista!
De novo, a alegria, as ótimas músicas, a genialidade... MJ, sim, pela sétima vez. Mas o que farei até a tarde?
Hum... vou escrever para a redação da Folha: Não há uma vaga? Topo ganhar menos - já estou acostumada. E ainda faço mais; emporcalho mais do que Pondé outro espaço desse jornal.
Calor ajudando... que gostoso. Pensar em deus? Na criação? Não... não é o que rola geralmente.
Desde quando o contrário de criacionismo é acaso cego?
Meu ex-amado agora emerge. De novo pensar nele? Vício? Não, não é à toa. Pensando nele o tesão fica muito mais intenso.
Chego ao limite... desta etapa. Tiro meu ex-amor de cena. Por que não uma camiseta nova? A mão ali, quadril para frente, e os dizeres: só boas emoções me esperam.
Serei agredida na FEA? É bem capaz.
Não será preciso vestir aquela camiseta; basta escrever... sobre isto.
No século 21, homens e mulheres não dão vez ao tesão feminino. Para ter um "relacionamento sério" é preciso retroceder a uma virgindade empírica, à abstenção.
"Puta! Puta". Isso me diz que as mulheres começaram a aprender que a beleza não é tão fácil de conquistar. Cremes, academia, dietas, cirurgias. Estão aprisionadas nos limites da própria mente. E ela é tacanha. Mente pondé.
E mente pondé, tesão pondé.
Assim, a insanidade é que ferve nos fios condutores, prestes a explodir.
Respiro fundo; passo uma das mãos na lateral de um dos seios.
Já gerei polêmica apenas por ter publicado no blog que procuro alguém da faixa etária de minha filha mais velha.
Divã... nesse filme a protagonista fala abertamente de masturbação. Mel Gibson... um tanto velho. Mas a transa pra valer é com um jovem. Exagero; ainda não conseguem sequer retratar equilibradamente o gozo feminino. Pudera; sequer o admitem de verdade. A mulher, se tiver que mostrar que está "gostando", é para confirmar - assim tão previsivelmente - a potência masculina, muito a desejar em egos inflados, corpos mal cuidados e mentes com prazo vencido há um tempão.
A que horas será a primeira sessão? Ah, esta vai ser ainda melhor. Antes de a floresta pegar fogo no filme...
Meus mamilos quase doem agora.
Estamos quase chegando! Abro os olhos. Sorrio. Para ninguém, não; para a vida. Só eu não pareço impaciente. Temperatura local, vinte e cinco. Perfeito.
Não revelam os nomes dos dançarinos de MJ. Por quê? Aparecem só nos créditos; não se sabe quem é quem. A dançarina que faz parceria com Michael no show, divina, é chamada por Ortega de "girl", ao passo que ele se refere à vocalista pelo nome, Judith. Por que será?...
Controle esse sorriso! Já! Alguém já deve tê-lo notado. Então, há um "puta!" na agulha.

Adição em 22 de novembro:


Em resposta ao meu comentário, Pondé me respondeu, por email: "uau! adorei". E aponta que errei ao dizer que ele é teólogo. Ele disse que é filósofo, não teólogo.
Embora a distinção pareça fútil, há dois cursos, o de Filosofia e o de Teologia, entre estes o da PUC.


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O texto de Pondé está abaixo.
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As razões do sexo

LUIZ FELIPE PONDé

Entre as pernas de uma mulher suspensas no ar, apenas boas emoções nos esperam

A CARA leitora já sabe que não sou um apreciador do feminismo. Acho-o excessivo, mas não desnecessário. Sim, existem dimensões da sociedade que pedem um combate contra maus hábitos. é um absurdo, por exemplo, mulheres ganharem menor salário pela mesma função, serem obrigadas a viver com canalhas ou terem os estudos e a vida profissional negados.
Mas, nos últimos anos, o feminismo tem prestado um grande desserviço às mulheres, estimulando nelas ressentimento e solidão, e levando-as a enganos, como, por exemplo, afirmando coisas irreais como a não importância da maternidade para a maioria esmagadora das mulheres.
No campo dos afetos e das relações, a ideologização maníaca de tudo por parte das feministas só atrapalha a já difícil vida a dois. Essa mania se traduz na ideia de que, em toda parte, tudo seja poder e opressão. A vida sexual tem razões que a própria razão desconhece.
Deve mesmo ser um saco ter que aturar chatos que se acham no direito de invadir sua privacidade com convites idiotas. Mas, afinal, como saber quando você é ou não um idiota? Não é tão óbvio assim, porque, quando estamos interessados numa mulher, sempre ficamos um tanto idiotas. Pela sua beleza, por seu charme, seu mistério e, acima de tudo, suas pernas.
Uma prova dos excessos do feminismo são movimentos políticos que beiram a afirmação de que uma mulher plenamente emancipada tem que ser homossexual. Tudo bem, "cada um é cada um", mas essa pregação é uma coisa de ressentida mesmo.
Uma das coisas que me fascina nas mulheres é o fato de que não as entendo. Nessa "maldição" da diferença partilhada reside o exercício contínuo da transcendência que marca a condição heterossexual.
Amigas minhas de bem com a vida e sem ressentimentos não perdem um minuto de suas vidas com esse rancor feminista. Falo daquele tipo de mulher que sabe que um homem que gosta de mulheres vive constantemente sob o poder do desejo feminino. O melhor argumento a favor da emancipação feminina, do ponto de vista masculino, é ter mulheres como colegas de trabalho. Tudo fica melhor, mais leve, mais encantador.
Recentemente ouvi dizer que, numa feira de livros em algum Estado do Brasil, fizeram marcadores de livros, totens e camisetas com a imagem de uma mulher com as pernas para o ar, com meia-calça (espero que com sandálias de salto alto), e um texto que dizia algo assim: "Aqui tem sempre uma emoção esperando você".
Para um apreciador do sexo feminino, a imagem é perfeita. Entre as pernas de uma mulher suspensas no ar, apenas boas emoções nos esperam. Por exemplo, ser recebido por moças bonitas em feiras melhora o dia e nos faz pensar, por breves minutos, que a vida sim faz sentido. A voz, a silhueta, o cheiro, cada gesto do corpo parecem indicar a evidência de que os criacionistas têm razão: o acaso cego não saberia fazer tamanha maravilha viva. Num bar, depois de algumas cervejas, essa é uma prova cabal da existência de Deus. E mais: um erro comum é supor que os homens só se interessam pelo corpo das mulheres. Não, o corpo deve vir acompanhado de acessórios indispensáveis: a alma, as ideias, a conversa, a roupa.
Também sei que muitas dessas minhas amigas de bem com a vida riem da ira contra coisas assim. Elas pensam que uma ação de marketing como essa pode até ser interessante na medida em que facilita a conversa, dando a "deixa" necessária para uma noite divertida, após um dia "boring" (entediante) nesse tipo de evento.
Erra quem supõe que a erotização deva ser banida da vida profissional. Em determinados locais de trabalho, um certo grau de erotização contribui para a produtividade, dando uma "cor" ao cotidiano, que sempre tende ao preto e branco.
Sim, minha cara leitora, quando homens falam de mulheres a sério, o fazem sempre pensando em vocês como objeto. O mesmo acontece quando são mulheres conversando entre si: somos nós o objeto. Ainda bem. E por que seria diferente?
Mas devo confessar que reconheço o risco de falta de educação quando, em eventos de trabalho, imagens de mulheres são utilizadas de modo ostensivo. Lembro-me de uma vez, em outro Estado, quando, numa palestra, o conferencista terminou com a imagem virtual de uma mulher nua, inclinada sobre uma pia, fazendo movimentos insinuantes. Achei isso o fim da picada. Do meu lado, estava uma colega de trabalho. Pedi desculpa a ela por tamanha estupidez.

Publicado na Folha em 16 de novembro de 2009
ponde.folha@uol.com.br

Adição em 22 de novembro:

Em resposta ao meu comentário, Pondé me respondeu, por email: "uau! adorei". E aponta que errei ao dizer que ele é teólogo. Ele disse que é filósofo, não teólogo.
Embora a distinção pareça fútil, há dois cursos, o de Filosofia e o de Teologia, entre estes o da PUC.

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