Monday, January 18, 2016

Dilma Rousseff em guerra contra The Economist - a revista de maior prestígio aposta alto na queda da presidente este ano

Vá até aquela grande, tumultuada livraria no Conjunto Nacional, em São Paulo. Procure pela revista The Economist com Dilma na capa.

A desculpa dada na semana passada - "o distribuidor está voltando de férias" - não podia ir longe, especialmente quando aleguei que outra revista semanal não tinha atrasado, não estava atrasada naquele período das alegadas "férias".

Então, ontem, vieram com outra desculpa: "A procura foi muito grande, o distribuidor não deu conta". De novo, isso não tem lógica. A revista não chegou a ser distribuída. A desculpa esfarrapada coloca a demanda antes da oferta!

Chegou hoje (18), como prometido? Não.
Nesta terça, 19? Não.
Aposto que vão acabar dizendo para os clientes: "A revista veio mas já acabou", sem ter sido colocada à venda.

A imagem desta postagem, em tamanho pequeno, aparece na página 7 da revista sumida, junto ao título "Brazil's fall". Ambos (título e imagem) constam também da capa da edição com recorde de atraso (isso levou ao atraso das edições subsequentes também; hoje já são três as edições em atraso). Um atraso que não ocorre, exceto por catástrofe que totalmente isole o local ou...
Censura? Não tomo o termo como o mais preciso. Censura é uma medida aberta.


Dilma acaba de afirmar que não simpatizar com a presidente não é motivo para impeachment.
Não simpatizar com a The Economist é motivo para boicote velado, disfarçado com desculpas esfarrapadas ou silêncio?

Quando denunciamos, no dia 09, que a revista tinha sido barrada, alguns ainda preferiram acreditar que tudo não passava de atraso. Não há mais como sustentar que não houve uma interferência desastrosa - mais uma - da presidente.

Dilma deu um chilique - público e fartamente noticiado - quando a mesma The Economist sugeriu - apenas isso, claro - que Guido Mantega (então ministro das finanças) fosse demitido por incompetência (a revista não estava errada, resta agora evidente para o país todo). Desta vez,  sendo ela a diretamente criticada, Dilma faz de conta que nada sabe.

Dilma provavelmente não sabe inglês para ler a revista. Mas não é preciso - o nome dela está na capa da referida edição, algo que - aponta minha pesquisa até agora - não tem precedentes na revista. Outros presidentes já foram para a capa, mas não com o nome grafado ali. Este número da revista foi comentado nos jornais da Globo, se não também em outros de outras emissoras, no dia 28 ou 29 de dezembro. Não dá de jeito nenhum para a presidente alegar que não sabia da edição da revista.

Mais: o jornal O Estado de S.Paulo chegou a publicar a tradução do outro artigo, bem maior do que o da página 7, no dia 31 de dezembro - tomou duas páginas do jornal. Mas o dia - o último do ano - foi muito desfavorável para que o público se dedicasse a folhear os jornais.

ENLOUQUECENDO A PRESIDENTE DE RAIVA
O conteúdo quanto ao textos não apresenta nada de novo e não geraria um chilique em Dilma. O mais provocador nessa edição remete ao que é capaz de atrair até os olhos mais amorfos.

Na capa, lê-se: BRAZIL'S FALL - a queda do Brasil.
Mas será do Brasil apenas? Abaixo desse título, temos: Dilma Rousseff the disastrous year ahead.
Engana-se quem acha que o mais forte aí é "disastrous" (desastroso). O mais forte é "the". O normal seria escrever "a disastrous year ahead". Trocar "a" por "the" representa muito. "O ano desastroso" sugere que será o último, sendo que o mandato de Dilma ainda conta mais três. Além disso, tal grafia sugere que Dilma é responsável pelo ano desastroso mais diretamente.

Nos subtítulos do artigo da página 7, temos o nome da presidente seguido de adjetivos negativos: "dismal Dilma" e "reckless Rousseff" (dismal = sombrio; reckless = desastrado).

O título do outro texto, o mais longo, volta a embutir uma mensagem sútil de "com Dilma não há solução". Não é comum as pessoas captarem isso, que dirá as menos escolarizadas. Vejamos o título: "Irredeemable?" Aqui é mais importante observar o som da palavra do que apenas traduzir. O som importa tanto quanto o significado. Irre-deema-ble. O som do meio é praticamente o mesmo de "Dilma". Dois "e" têm som de "i".  Uma vez que o nome da presidente está embutido aí, vamos à tradução, para reforçar o "sem solução": sem salvação foi a tradução escolhida pelo O Estado de S.Paulo. A troça com o nome da presidente se perde (se é que o tradutor chegou a percebê-la).

Quem ainda acha que o boicote à revista é "conspiração"?

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