Aécio não me convenceu a votar nele. Após a entrevista no Estadão, percebi que discordava, sobretudo, de uma tese defendida pelo candidato mineiro. Acabei mais segura ainda de que o melhor voto é para Marina.
A Folha de S.Paulo já traz como principal destaque de sua versão online: Aécio aponta contradição de Marina Silva.
O Estadão recebeu Aécio esta tarde para entrevista multimidiática (twitter, etc.) em sua sede. O candidato falou sobre muitos assuntos. E é Marina quem ganha o principal destaque, a manchete.
Isso é ainda mais curioso diante do fato de que a Folha escreve 'Marina' quando deveria ter escrito 'Eduardo Giannetti'. Aécio apontou contradição não de Marina, mas daquele economista, que está ligado à Marina apenas como conselheiro ou algo assim.
Eu captei uma contradição do próprio Aécio, nessa mesma entrevista. Respondendo a entrevistador, Aécio refuta a divisão 'esquerda' e 'direita': "Isso é bem antigo", diz. Mas, em outro momento, Aécio atacou quem 'muda de lado' (sem citar o nome de Marina). Segundo ele, não existe mais 'esquerda' e 'direita', mas, sim, a diferença entre sua proposta de governo e aquela em vigor (PT), enquanto aponta a existência de gente que passa de um lado para outro...
Aécio enfatizou que se manteve em "seu campo político" - isso também é coisa antiga, não?
Mas essas ideias parecem ainda "funcionar". A plateia, em sua maioria, lembrava uma torcida. Quando outro entrevistador mencionou o tal aeroporto polêmico, a plateia protestou e se irritou, como se tudo se resumisse a um lado contra o outro, e não a uma ocasião de suma importância para observar, pensar, analisar.
Observei com atenção máxima seus gestos, risinhos. Não gostei destes. Também não me incita confiança isto: rebater uma confrontação já girando a cadeira para dar as costas ao confrontador. Aécio fez isso pelo menos três vezes em apenas uma hora.
Passando uma segurança de vencedor que me pareceu superfi cial, Aécio deixou essa máscara cair uma vez: enrubesceu (corou) ao afirmar que ainda não conseguir se tancretizar totalmente. (Tancretizar alude à Tancredo Neves, seu avô, que ficou misteriosamente doente justamente no dia de tomar posse como presidente da República, em 1985.)
Fiquei convencida a não votar na atual presidente, diante das críticas de Aécio ao governo de Dilma, durante a entrevista. Mas ele não me convenceu a votar nele. Ou no programa dele.
Refleti sobre a tese defendida por Aécio na entrevista: "Não se deve votar numa pessoa, mas num programa". Claro, isso era indireta a Marina, que despontou nas pesquisas, sem ainda ter apresentado seu programa.
Vozes por todos os lados deste país ecoam "ninguém faz nada sozinho"; e todos concordam sem pensar que as características de alguém não devem contar por ser "falta de modéstia". Percebi, então, que o erro mais terrível está aí. Devemos votar é na pessoa. Nenhum programa vai andar como se fosse algo automático. Além disso, mais de oitenta por cento do que acontece está fora de qualquer plano, por mais especialistas que se dediquem a formular programas. Obama, por exemplo, tinha a crise na Ucrânia no seu programa de governo?
Marina, ao declarar que é preciso ter visão estratégica, já superou Aécio. E ela é alguém que tem visão estratégica. Basta, caro leitor, ser capaz de tirar o tampão dos olhos e ver a trajetória de Marina. Ela não vem de família de políticos. Ela se fez a partir das condições mais desfavoráveis possíveis.
Ela pode fazer este povo, atolado hoje nas condições mais '7 a 1' do mundo, não decolar feito foguete, mas aprender que um líder faz toda a diferença. Ser um líder faz toda a diferença na vida da própria pessoa que se vê no atoleiro.
Adolescentes confortáveis, alunas da PUC-SP, hoje, no banheiro, matracavam: Marina é "evangélica e conservadora". Simplesmente repetiam um chavão. São universitárias, boa classe social, mas pensam tão bem quanto um poste. Marina pode ser evangélica, mas não é fanática. E de conservadora, ela não tem nada.
Será que quem disse aquele chavão tem ideia do que é ser "conservador"? Dilma, durante quatro anos, não mencionou a palavra 'aborto'. Numa sociedade machista, católica - algo pior do que ser evangélico e conservador -, Dilma chegou ao cargo máximo (é preciso deixar claro: cargo de presidente da República) porque um homem passou a campanha inteira erguendo o braço dela. Marina ergue-se e sustenta-se por si.
Marina não tem experiência? Aécio pareceu dar outra indireta ao declarar que "o Brasil não é para amadores". Marina não tem nada de amadora. Foi senadora, ministra. Já concorreu à presidência. Entre no acervo da Folha e leia os artigos que ela publicou naquele jornal, até outro dia. Deixou de fazê-lo por causa da candidatura (então como vice de Eduardo Campos); a Folha determina a suspensão da publicação dos textos quando o colunista passa a concorrer a cargo eletivo. O mesmo aconteceu recentemente com Aécio, também ex-colunista da Folha. Então, leia os artigos dos dois e compare.
Aécio tem bom papo. Desenvoltura. Ótima aparência. É ainda um pouco mais novo que Marina. Mas visão estratégica é ela quem tem. E nesse mundo do imprevisível, das crises sucessivas, é a pessoa, sim, são as qualidades raras do chefe da nação que contam.
O que mudou o mundo não foi o programa de governo de Thatcher, ou o programa de governo de Churchill; quem mudou o mundo e entrou para a história foi Thatcher, foi Churchill.
Marina Silva estará no Estadão no dia 2.
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Wednesday, August 27, 2014
AVALIANDO AÉCIO NEVES - ele me empurrou ainda mais para Marina
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'-ERS' FELLOWS: LOVERS OF IDEAS; EXPLORERS OF THE SUBLE; THINKERS AND WRITERS OF INEXHAUSTIBLE PASSION. ULTIMATELY MINDERS OF FREEDOM.
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