Monday, June 4, 2012

Catracas na USP - a 'votação' expôs dois mundos internos díspares, que não se comunicam


Diretor da FEA consegue passar - por um estranho plebiscito - a decisão dele de instalar catracas para acesso à faculdade.

Alunos contra. Funcionários e professores, a favor (porque a atitude 'obrigatória' é não discordar do chefe).
Resultado: venceu a maioria esmagadora, que é de alunos? Não. O resultado divulgado foi: 2 a 1. As catracas serão instaladas.

Como assim? Dois - funcionários e professores. Um - alunos. Pois.

É mister que essa 'apuração democrática' entre para a história da USP.

Reinaldo Guerreiro (o diretor) já pagou - muitas vezes - o projeto que, segundo ele mesmo declarou em reunião de novembro, foi modificado várias vezes.
Em tal reunião, ele revela seu perfil de líder. Leia sobre isso.

Nessa reunião, o diretor não conseguiu justificar a instalação das catracas ante os argumentos dos alunos. Tampouco expôs ele sobre os procedimentos a serem adotados na triagem, alegando ainda não haver pensado nisso. Declarou, ainda, não haver nenhum dado preciso sobre ocorrências que justificassem a medida restritiva.

Justamente hoje, a Folha traz entrevista com o presidente do IAB - Instituto dos Arquitetos do Brasil, que contém a declaração dele de que a lógica dos condomínios, de segregação, não diminui a violência, o que só dá mais respaldo aos alunos: a afirmação do arquiteto constituiu um dos pontos aventados pelos alunos, naquela reunião, ante o diretor, a quem eles sugeriram estudar o assunto antes de tomar deliberadamente a medida de fazer o prédio em que estudam parecer um condomínio de luxo.

Guerreiro, essencialmente autoritário, pressupôs que o emocional tinha tomado conta de seus alunos, e abusou do fato de ter havido, há meses, um assassinato peculiar no estacionamento da FEA. Como já mostramos aqui (FELIPE RAMOS DE PAIVA - POR QUE NÃO FOI ASSALTO O QUE ACONTECEU NA USP) , esse não foi um latrocínio de características comuns, e as reportagens do Estadão sobre o caso foram panos quentes desastrados, do início ao... fim que não houve. O fim foi o esperar pelo esquecimento.

Em suma, o método de 'consulta' que o diretor inventou para fazer prevalecer o que ele já decidira sem ouvir os alunos, bem como o resultado em si dessa consulta, revelam que há perigo dentro da própria faculdade. Há um estado de coisas que, podemos sensatamente antecipar, favorece em muito a violência, não apenas explícita, física e vindo do 'exterior', mas a violência mais destrutiva e de efeitos mais duradouros: aquela que, sendo nutrida internamente, mina a moral dos envolvidos e, ao cabo, da sociedade; que enfraquece os valores por que se deve lutar; aquela que enuvia a vontade última de ser e de ajudar a ser.

Já há sintomas? Sim. Ouvi outro dia, no intervalo de um evento, alunos discutindo qual dos cursos da FEA fazer para 'ganhar mais dinheiro'.

Isso tem tudo a ver com o texto de Lya Luft, que está na Veja da semana e, condensado por mim, aqui.

O Centro Acadêmico Visconde de Cairu (alunos da FEA) publicou, em sua página, nota em que argumenta contra as catracas.

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