Escrevi o texto abaixo, quase um poema, quando minha filha fez onze anos.
Então, elaborava meu primeiro livro mais sério, de uma série de livros muito inspirados. A inspiração levou a estes 'versos' também. Com eles, tendo passar o que senti com aquela experiência de ser mãe.
Concebo Deus como criador, mas não de seres vertebrados e invertebrados; Deus é uma concepção que remete ao Ser. Portanto, para mim, não cabe discutir se Deus existe ou não, tal como não cabe indagar: a paz existe ou não? É com isso em mente que você pode apreciar este meu Sexto Dia. Mariangela
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Sexto Dia
por Mariangela Pedro, em homenagem à sua filha
Parece que é de repente
Mas só acontece no sexto dia.
No primeiro dia, a alegria nos faz suportar até...
Tomar purgante com suco de jiló – de canudinho!
Depois, sentimos um medo de fazer
leão renunciar ao trono.
O segundo dia é o mais longo.
Mas é esquecido para sempre assim que
A homeostase da alma submete o ímpeto das
reações químicas.
O terceiro dia é o dia de fingir.
Fingir que não temos um plano.
Dizer para todo mundo que não vamos lá.
E depois ir às escondidas
Como Jesus na segunda páscoa.
Tudo trama contra a vida.
Por isso, a única segurança é um ventre não inchado,
que trama em segredo.
Alicerces bem plantados; no quarto dia
somos artistas incansáveis imaginando...
A obra já pronta, para pintarmos uma grande faixa
com o nome de nossa criação.
Ah, o nome... O ser de Deus despenca no terreno
da consciência humana ao ter um nome.
Jesus dispensou o nome, mas não a condição
humana. Ele dizia: Eu sou o Filho do Homem.
Quinto dia: preparativos concluídos.
E a preparação?
Quando o peso do ventre já impede os
preparativos, a natureza abre o espiritual
para o eterno. É a preparação.
E tudo que é eterno
pode acontecer a qualquer momento.
O estágio do quinto dia lança a magia do
a-qualquer-momento.
A gente aceita que a vida termine a qualquer
momento depois de viver a magia do quinto dia,
que nos ensina que a vida também começa
a qualquer momento.
O que acontece entre o primeiro ‘a-qualquermomento’
e o último ‘a-qualquer-momento’ inclui
revoltas, dúvidas, revoluções, contradições.
Mas deixamos de ser uma afronta a Deus se
multiplicamos a Criação
Para fazer valer...
O sexto dia – o dia da Criação do Ser.
Sexto dia: o ‘a-qualquer-momento’ é o Agora.
Experimentamos tanta graça que dizemos:
parece que o tempo parou.
Dar à luz pode significar tanta realização
quanto a declaração de Jesus: “Eu venci o mundo”.
Foi assim aquele sexto dia, Beatriz.
O dia em que eu venci o mundo...
Porque você veio através de mim!
Leia trechos de outro livro meu, Sermão de Amor
