Friday, November 4, 2011

PM NA USP, OCUPAÇÃO DA REITORIA -CARTA URGENTE ABERTA AO REITOR

A Carta Aberta está abaixo, após o "destaque", e foi publicada neste blog na data indicada pelo sistema, mesma data em que foi elaborada e enviada à reitoria da USP por email -04.11.2011.

Esta introdução é incluída bem mais tarde, em 30.12.2011, para deixar também registrado aqui, nesta postagem, o que acrescentei , como mero destaque (sem link próprio, portanto), a respeito dos fatos posteriores à publicação da carta - fatos lamentáveis, como enfatizou o destaque.
Com a inclusão aqui, o destaque fica 'salvo', sem o que restaria perdido com a abertura de espaço para atualização da pígina do blog.

O destaque:

MINHA CARTA ABERTA AO REITOR DA USP ACABOU NÃO EVITANDO A VERGONHOSA OPERAÇÃO [da tropa de choque da Polícia Militar] QUE ACABOU MANCHANDO [ainda mais] O RANKING [de melhores universidades do mundo]

O desmérito não está na carta. Ela foi muito elogiada. Um leitor registrou, neste blog, seus enfáticos comentários (ver link para comentários ao final da postagem respectiva). Tampouco se pode concluir que a carta foi inútil. De modo algum! Justamente porque houve a sábia e corajosa carta - e publicada - a intervenção classificada como 'megaoperação' resta ainda mais inaceitável. E o assunto continua na mídia. Hoje temos, na Folha, o artigo de Safatle, "Pensar a USP" (A2). Vou ler daqui a pouco - esse filósofo da USP também está no meu rol de 'almas gêmeas' e, assim, recomendo que vocês também o leiam. A base móvel da PM no câmpus inaugura amanhã, antes que se tenha concluído o plebiscito - em andamento até dia 20. Temos uma lição após a outra... de como não agir! E não é que percebo, estarrecida, que nos tornamos indiferentes a um monte de ineficiências imperdoáveis? Quase todas as torneiras dos diversos banheiros da FEA (inclui a faculdade de administração...) estão desreguladas há muito tempo e continuam a verter água após o usuário ter-se ido. Os ônibus da linha circular... .São tantas as ineficientes que merecem postagem própria. (Vai acabar saindo. Aguardem.)

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CARTA ABERTA AO REITOR DA USP (na internet)



- U R G E N T E -

Prezado reitor,


Não faça o que não poderá anunciar tal como anunciou, outro dia, os 100 mil títulos da USP. Eu estava lá. Também fiquei emocionada, como você. Sorte minha, eu não estava sob os holofotes. Nem precisei falar diante de tantos. Sorte dupla, senti o mesmo orgulho.


Agora, o orgulho não apenas se foi. Sobreveio a desolação combinada à vergonha. Mas aprendi a pensar, em grande parte, na USP. Então, pensei. E o resultado foi este primeiro passo: falar diante de tantos, dirigindo-me a você. Não sou formal apenas porque falo justamente com humildade. É ela, e não as normas e o protocolo, que nos leva, invariavelmente, ao Certo.



Com toda a humildade, ofereço-lhe, neste momento crítico, estas palavras simples, especialmente aquelas com que iniciei esta mensagem urgente, que preferia que não o fosse. São simples, mas percebo que podem levá-lo a tomar uma decisão que poderá vir a anunciar publicamente, com aquele mesmo espírito.


Porque não é mais possível esconder; o exterior também saberá o que acontece no campus hoje.



Quem invadiu? Ladrões? Não. Alunos. Então, há alunos desse nível na USP?



Denegrirá ainda mais nossa Universidade isto:



Não foram capazes de lidar com seus próprios a-lu-nos?! Meteram-lhes o cacetete (ou algo pior)?


Pois. É muito fácil fazer alarde de pessoas como eu, que entram na universidade, fazem seus cursos com notas excelentes, defendem tese com louvor e distinção, ganham até prêmio e mantêm um vínculo forte com a universidade muito tempo após se formarem, estabelecendo exemplo de comportamento inspirador, não apenas para alunos, mas para todas as pessoas.



Mas isso é análogo a amar quem nos ama.



O que a Universidade faz com os que são diferentes de mim; apresentam dificuldades de ajustamento de toda a sorte? Não é precisamente aí que reside o desafio da Universidade, do Saber? Há de expulsá-los? De tratá-los como funcionários públicos, que devem responder a processos sob o rigor de um código que não cabe aqui avaliar? De expulsá-los de nossas mentes e corações antes mesmo de expulsá-los formalmente, tratando-os como delinquentes irreparáveis, de quem queremos tal distância que os entregamos aos ditames dos tribunais?


A lembrança de um helicóptero da PM sobrevoando justamente aqueles dizeres no chão, ao redor do relógio no centro da Praça, hoje, pouco antes das 14 horas, quando me dirigia para um seminário avançado sobre... humanidade, não para de me vir à mente. Foi uma das coisas mais contundentes que vivi. Uma dissonância que remete ao 'fim do mundo'.



Quem tomou a Reitoria não são manifestantes, mas provocadores. Contudo, são alunos, não?



Se forem, precisamos recuperá-los. Educá-los para aprenderem a fazer manifestação, como deve ser. Jamais expulsá-los pela PM. E, em seguida, expulsá-los da nossa instituição. O fracasso será nosso, como universidade.


Temo que todos já saibam disso, de que estamos prestes a agir para deixar evidente nosso próprio fracasso. Todos, especialmente as universidades mais bem avaliadas; menos nós mesmos.


Respeitosamente,

04 de novembro de 2011

enviada ao gabinete da reitoria - imprensa@usp.br - às 21h20

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