Thursday, September 16, 2010

Papa no Reino Unido - não exatamente o Reino do céu...

Bento XVI chega hoje ao Reino Unido. Os jornais escrevem "Grã-Bretanha" em vez de Reino Unido, enquanto dizem se tratar da visita de um Chefe de Estado a outro. Ora, Grã-Bretanha não é Estado.
Vamos à necessária aula: Grã-Bretanha é apenas o nome de uma ilha. O Estado reconhecido é denominado Reino Unido, que engloba Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte que, portanto, também não são países.
E quanto à Irlanda do Sul, você pergunta. Diga República da Irlanda. Ela está fora do Reino Unido. Ẽ um país.
Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte são apenas "nações que integram o Reino Unido", como é registrado, apropriadamente, na wikipedia.

Dada a aula,  vamos ao mais interessante sobre esta visita do papa - Chefe do Estado do Vaticano e da Igreja Católica Romana - ao... Reino Unido:

a) esta é a primeira visita oficial de um papa ao Reino Unido.

b) o papa, que irá beatificar (como de costume, postumamente) um cardeal que era chamado Newman, pousará não em Londres, mas em Edimburgo, Escócia.

c) a Folha de hoje mostra uma grande foto de mulheres do povo protestando contra o papa e a própria viagem, segurando, cada uma,uma foto de uma criança, formando assim uma galeria de vítimas de abuso sexual perpetrado por membros da Igreja Católica.

d) elas são contra a viagem em si especialmente porque metade do custo dela será bancado pelo Reino Unido, ou seja, pelo povo britânico, em última instância. Um custo exorbitante para quatro dias de viagem: total de mais de sessenta milhões de reais.

e) o mais interessante: a Folha de hoje, conforme dissemos em c), revela forte oposião à Igreja, enquanto o Estado de S.Paulo nada diz sobre tal protesto. Em sua seção "Visão Global", saiu hoje um artigo assinado pelo primeiro-ministro do Reino Unido (isso!), com o curioso titulo, dado o que acabamos de dizer: "Calorosas boas-vindas de Londres ao papa"...

Esse artigo - que moldura um grande desenho de Bento tendo a bandeira do Reino Unido, em suas cores, ao fundo - é especialmente digno de nota por várias esquisitices: a) não vir acompanhado da fonte e nem b) do nome do tradutor, já que David Cameron (o primeiro-ministro) não deve ter escrito diretamente em português, até porque ele se dirige ao povo britânico. Sobretudo, o artigo causa arrepios c) pelo conteúdo em si, cuja leitura considero obrigatória para os que apregoam que "a Igreja não tem mais tanto poder"... Cameron extrapola em ousadia, afirmando que não concorda com a afirmação de que o Reino Unido é um país secular - nada a ver com "século". Um país secular é aquele em que a Igreja não interfere no Estado, em que há, portanto, separação entre Igreja e Estado.

Cameron, confirmamos, contraria abertamente a secularidade. Eis trecho do artigo:

Há vários comentáros exagerados de que o papa Bento XVI estaria visitando um país amplamente secular. Não concodo com isso. Há muitas evidências em pesquisas e também na participação em serviços religiosos que contradizem isso. De toda maneira, acredito que estes (sic) comentários não tenham fundamento. A visita papal deve ser recebida não apenas por britânicos católicos ou pessoas de fé, mas por todos aqueles que acreditam que os grupos religiosos contribuem para nossa sociedade...

Ao longo do artigo, Cameron discorre apenas sobre a contribuição, segundo ele, da Igreja Católica.

Além de esconder os protestos, o Estadão não lembrou que o aclamado escritor de Deus, um delírio, Dawkings pediu a prisão do papa durante esta sua visita ao Reino Unido, por causa de evidência de seu envolvimento direto na questão da pedofilia.

Por fim, descobri que o artigo é, na verdade, transcrição de um pronunciamento de Cameron, conforme divulgado pela BBC:
http://www.bbc.co.uk/news/uk-11305217

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