Sunday, November 29, 2009

O Símbolo Perdido - livro de Dan Brown dá ótima aula de tolerância

Towards the end of chapter 6 of the book The Lost Symbol, Langdon is outstanding when mitigating intolerance. I was most delighted to read it.
Check why and, even more important, realize how most people don't grasp the passage the way I present it here.
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Abordei um vendedor da Livraria Cultura fazendo alusão ao último lançamento de Dan Brown, O Símbolo Perdido. Ele afirmou que o autor trata do simbolismo do Capitólio em Washington. E só. Faça você o teste. Esteja a pessoa de fato lendo a obra ou não, não dirá nada além daquele comentário, com um batido "interessante", se muito loquaz. Afirmarão o mesmo, que é como a mídia mais popular sintetiza o enredo da obra.

O que estou procurando demonstrar? As pessoas não leem de fato nada, nada. Fazem aeróbica com os olhos. Um teste mais robusto é, tendo a pessoa acabado de ler uma página ou duas, ou até um capítulo (muitos dos capítulos daquele livro são bastante curtos), pedir-lhe que fale sobre o que leu. Preste atenção... e confira! Bem, claro que você tem de ser exceção e ser capaz de ler. Senão, o teste não produz resultados válidos.

O trecho do livro - que está na página principal do blog, na coluna esquerda, acima do menu de arquivos de postagens (links de datas) - pode servir para o teste. E, provavelmente, foi por você, diante de meu desafio, ter desconfiado de que não entendera o trecho "completamente", que veio parar aqui.

Langdon (ou o criador dessa personagem) me conquistou com aquele trecho. Tudo o que ele apresenta sobre arquitetura das mais conhecidas edificações do mundo é muito bom e elogiável. Entretanto, com o referido trecho, o professor Langdon demonstra que defende uma das causas que eu também abracei com mais afinco - a intolerância, ou seja, o combate a ela.

É preciso ter educação e desenvolvimento intelectual que a grande maioria dos brasileiros não tem - por estar sempre "cansado de tanto trabalhar" - para apreender (não, não é aprender, é apre-en-der) aquela passagem, bem como quase todos os textos que não sejam do tipo matéria do jornal folha ou metro.

Fiz o teste com um homem razoavelmente inteligente. Ele declarou: Langdon critica a Igreja Católica. Já é muito bom... considerando-se nosso santo problema educaional. Mas, segundo padrões de "primeiro mundo", aquele homem deixa muito a desejar. Ele para ali; não é capaz de apresentar um argumento, de apontar de que forma a tal crítica é feita no contexto retratado na obra, que sintetizo a seguir.

Durante uma aula-palestra interativa, Langdon diz, ironicamente, que segue uma seita estranha, após seus alunos terem feito careta diante do comentário de um aluno a respeito dos rituais maçônicos - bebem sangue de caveiras, acendem velas, etc.

Claro, isso deixou aqueles ouvintes totalmente surpresos. Imaginavam que raios de seita seria aquela seguida pelo professor, se é que imaginar aquilo era possível. Então, Langdon diz que bastaria qualquer um deles ir até a capela de Harvard no domingo - claro restava então que se tratava da religião católica! E lá verão, afinal, como a igreja católica não criou nada, não foi nada original.

Langdon é de notável raciocínio ao, em tal ocasião, traçar o paralelo - isto ninguém capta - entre o que ele apresentara de início como "sua seita", empregando linguagem que a igreja católica não emprega, e a religião católica absolutamente convencional, então usando os termos usuais.

Leia agora o trecho de O SÍMBOLO PERDIDO para, em seguida, observar como uma simples mudança de nomenclatura, ou seja, dar um nome mais pé-no-chão às coisas, expõe uma infundada valorização de uma religião em deprimento de outra, quando não há superioridade alguma:
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[Robert Langdon está dando uma palestra para alunos de Harvard. Ele interage com seus já aturdidos ouvintes.]

- O senhor faz parte de uma seita? Langdon baixou a voz até um sussurro conspiratório. - Não contem para ninguém, mas, no dia em que o deus-sol Rá é venerado pelos pagãos, eu me ajoelho aos pés de um antigo instrumento de tortura e consumo símbolos ritualísticos de sangue e carne. A turma toda fez uma cara horrorizada. Langdon deu de ombros. - E, se alguém de vocês quiser se juntar a mim,vá a capela de Harvard no domingo, ajoelhe-se diante da cruz e faça a santa comunhão. A sala continuou em silêncio. Langdon deu uma piscadela. - Abram a mente, meus amigos...

(p.40-41) Os grifos (marcações de outra cor para ênfase) são nossos.
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Observemos, agora, este paralelismo entre a "seita de Langdon" (que os alunos não conseguem perceber que ela é uma das maiores religiões atualmente) e o catolicismo:

Seita de Langdon

rituais ocorrem no mesmo dia em que os pagãos veneravam o deus-sol Rá (o domingo).

Catolicismo
o termo sunday, domingo em inglês, é alusão direta ao dia do sol, ao deus-sol. A igreja católica se "inspirou" no paganismo, e não apenas em relação à escolha do dia santo. Há um mosaico antigo preservado, da época do império romano, que mostra uma figura muita parecida com a imagem de Jesus que a igreja católica popularizou, tendo raios de sol na cabeça.

Seita de Langdon
ajoelham-se ao pé de símbolos de tortura antigos.

Catolicismo
claro, a cruz.

Seita de Langdon
consomem símbolos ritualísticos de carne e sangue.
(nesses termos, a coisa parece horrenda, mas... só
para quem jamais para, observa, pensa)

Catolicismo
O ritual correlato chama-se a santa comunhão. Não??
A transformação "exclusiva" do ritual católico - a tansubstanciação - é algo mais maluco ainda.

E "santa" deve ser entendido apenas como a marca da igreja católica, que leva, ela mesma, a designação santa ("cremos na santa igreja católica"), bem como a instituição personalidade jurídica de direito internacional - a Santa Sé -, seus religiosos - santo padre, Santo Padre (o papa), a Santa Bíblia, a santa missa, etc.

Certamente que muitos já escreveram sobre como construir mitos - não sou especialista neste ponto. Tenho apenas noções suficientes para não ser arrastada pela manipulação. E para observar como tantos são arrastados... Mas isso só se dá depois que crescemos. Enfrentamos medos com a razão, aprendemos a amar. Como diz Langdon, abrimos a mente.

O trecho que discuti está no capítulo 6 do livro. Li até o capítulo 22. Há outras boas lições aqui e acolá. Como esta: Uma ideia amplamente aceita não torna a ideia válida. Pois.

Dan, parabéns pelo trecho!

Publique-se.
29 de novembro de 2009

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